O campeão do Norte aposta tudo na Liga Meo
João Guedes parte para a segunda etapa da Liga Meo, o Renault Porto Pro, com uma responsabilidade enorme: defender as cores do Porto e do Norte como único surfista portuense a ter no palmarés um título nacional da Liga profissional de surf.
Um feito que data de 2009 e que João Guedes tudo fará para repetir neste ano.
"Para 2017, a minha grande aposta competitiva é a Liga Meo. Tenho vindo a fazer cada vez menos etapas do WQS [circuito mundial de qualificação] e nem sequer fiz nenhuma das que se realizaram cá neste ano, pelo que posso dizer que estou completamente focado na Liga", assume João Guedes, ressalvando que isto não quer dizer, de todo, que seja o título nacional o único item da sua lista de afazeres para este ano.
"Sou um surfista de competição. É o que faço desde sempre e não me vejo de outra maneira, mas nos últimos anos tenho-me dedicado muito a explorar ondas novas e sobretudo ondas grandes. Não quer dizer que me vá dedicar apenas ao surf de ondas grandes, mas também é uma das minhas paixões. São outras vertentes do surf que também me apaixonam e cuja imagem também dá retorno aos meus patrocinadores", esclarece o surfista portuense. Depois de um nono lugar na primeira etapa, em Ribeira d"Ilhas, João Guedes, que divide a sua vida entre a Ericeira e o Porto, não faz por esconder o significado especial de uma etapa em que até dá corpo ao cartaz promocional.
"É um pau de dois bicos", confessa o antigo campeão nacional, explicando: "Numa profissão como a de surfista profissional, que nos leva a viajar e competir em vários sítios do mundo, é reconfortante perceber que quando voltamos a casa temos ainda tanta gente que nos reconhece e apoia na praia. Mas, por outro lado, é uma pressão acrescida. Nunca ganhei uma etapa no Porto e é uma vitória que persigo desde sempre. E é esta ambivalência entre o conforto de casa e a pressão de ganhar que coloca mais dificuldades."
A garra nortenha
A seu favor, João Guedes conta com a reputação de ser um dos surfistas mais difíceis de bater na Liga pela sua resiliência e "garra". Características que o próprio associa à terra natal:
"Acho que é uma coisa do Porto. É uma cultura que as pessoas associam muito ao futebol mas que acaba por ser transversal a muita gente do Porto e do Norte, é uma maneira de estar, uma identidade."
Mas no caso particular deste surfista filho de um portuense e de uma lisboeta, a viver na Ericeira, esta cultura de combate está intrinsecamente ligada aos contornos da carreira, conforme relata: "Nasci no Porto, mas desde muito cedo comecei a surfar na Ericeira com o meu pai, que é surfista e adorava aquelas ondas. Depois percebi, com os anos e a evolução, que precisava de ali estar para ver e ser visto; a Ericeira não é o centro nevrálgico do surf nacional, que fica mais na zona da Linha de Cascais, mas é onde todos os melhores surfistas vão quando há uma boa ondulação. Precisava de sair do Porto para vencer no mundo do surf."
A decisão de migrar para o Sul acabou por ser decisiva, confessa: "Sim, foi fundamental para a minha formação como pessoa e como surfista. Percebi que primeiro tinha de conquistar Lisboa e depois, na perspetiva de uma carreira internacional, tentar vencer... no mundo."
Para já, a partir de sexta-feira e até domingo, nas águas da Praia Internacional, em Matosinhos, a João Guedes ninguém lhe pedirá o mundo, mas a comunidade de surf do Norte estará, seguramente, muito atenta à sua prestação no Renault Porto Pro.