Novos materiais, o mesmo luxo
Diamantes feitos em laboratório, plástico reciclado e impressão 3D: a feira de relógios de Genebra deste ano deu a conhecer relógios de luxo feitos com novos materiais, com o objetivo de seduzir uma nova geração de apreciadores deste acessório.
A H. Moser, uma marca de nicho que produz apenas cerca de dois mil relógios por ano para colecionadores, apresentou na Watches and Wonders um relógio coberto com Vantablack, um revestimento superpreto que absorve praticamente toda a luz. O material, feito com nanotubos de carbono e fabricado pela NanoSystems, é considerado o pigmento mais escuro do mundo.
Exposto contra um fundo preto, o relógio, que ainda está em fase de desenvolvimento, cria a ilusão de um buraco negro, tendo apenas os ponteiros coloridos visíveis a olho nu. "Queria trazer algo diferente do que estará exposto nas montras daqui a três meses", diz à AFP o CEO e proprietário da H. Moser, Edouard Meylan. "Queria mostrar o futuro dos materiais", justifica, acrescentando que pretendia dar uma visão de como a indústria de relógios pode ser daqui a cinco anos.
Embora a marca de luxo já tenha usado Vantablack nos seus mostradores, este modelo apresentado na Watches and Wonders tem a particularidade de ser completamente coberto. E, por enquanto, não pode sequer ser tocado, pois o material pode perder as suas propriedades. É preciso mais trabalho para que o relógio possa realmente ser usado.
A Tag Heuer, do grupo de luxo francês LVMH, quebrou um tabu da indústria ao usar, pela primeira vez, diamantes feitos em laboratório num dos seus modelos icónicos. "Inovação e redefinição de fronteiras está no nosso ADN. Com o lançamento do TAG Heuer Carrera Plasma, queremos expandir a palete e o design possíveis nos relógios de diamantes e nos diamantes em geral, e criar uma nova visão de cortar a respiração em termos do domínio do design em carbono e diamante, assim como nos jogos de luz de última geração", diz Frédéric Arnault, CEO da Tag Heuer, citado num comunicado da marca.
"Esta inovação estava há muito planeada e introduz um primeiro capítulo de uma história que vai ser longa. É também um momento de definição para a TAG Heuer e para o setor dos relógios de luxo suíço. Sentimos que os relógios de luxo devem ser sempre entusiasmantes e surpreendentes e um reflexo do seu tempo, e este relógio demonstra precisamente isso", acrescenta nesta nota em que se dá conta de que o modelo será lançado brevemente a nível mundial. Não há indicação acerca do preço, mas a AFP avança que custará 345 mil euros.
No stand da Cartier na Watches and Wonders havia muitos diamantes naturais, mas a joalheira também apresentou novas tecnologias. Usando a impressão 3D, criou a coleção Coussin (que significa "almofada"), cujos modelos têm uma caixa, adornada com diamantes, que retrai e cede à pressão e que volta à forma inicial, tal e qual uma almofada. Os preços variam entre os 26 mil e os 67 mil euros.
"Esta é uma clientela que quer beleza, hiperluxo, com materiais do futuro, cheios de tecnologia, mas habilmente feitos à mão", explica à AFP Vincent Gregoire, diretor de moda masculina e acessórios da consultoria de moda parisiense NellyRodi. Mas há uma nova geração de amantes do luxo a surgir, e muitos já têm outro tipo de preocupações, nomeadamente ambientais. A Oris mostrou como recicla os resíduos de plástico, triturando-os para fazer um material que se assemelha a mármore multicolorido para os seus relógios.
sofia.fonseca@dn.pt