Nóvoa: "A 'fast food' Marcelo tem tudo para ser uma desgraça"
Sampaio da Nóvoa foi à gastronomia para classificar a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa como "fast food". Discursando esta segunda-feira à noite, num comício que lotou os 230 lugares do Auditório Charlot, em Setúbal, o antigo reitor defendeu que, a médio prazo, votar Marcelo "tem tudo para ser uma desgraça".
"Está embalado, com rótulo e publicidade, mas conhece-se mal o que está lá dentro. E o pior vem depois: a comida sabe pior, faz pior e, a médio prazo, tem mesmo tudo para ser uma desgraça. A pressa é quase sempre má conselheira. A fast food não é a comida que defendo", explicou.
Insistindo que não se engana nos adversários, Nóvoa quis ficar acima da polémica que tem animado o campo socialista por estes dias. "Não vim para dividir, eu não venho para dividir, venho para unir esforços, não para que tudo fique na mesma, mas para que se construa connosco um Portugal diferente, mais justo, mais solidário", justificou-se.
"Recuso-me mesmo a perder tempo em ataques fratricidas e que nos afastariam do foco desta campanha, quero manter sempre este foco claro. Este [Marcelo] é o meu adversário e não me desvio um milímetro desta prioridade", acrescentou.
Antes do antigo reitor discursar, a secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, recuperou as eleições presidenciais de 1986, a que concorreram três candidatos de esquerda, Mário Soares, Salgado Zenha e Maria de Lourdes Pintasilgo, para alinhar os mesmos argumentos. Na primeira volta, "é tempo" dos socialistas, "escolherem o candidato que preferem", para depois se unirem "para derrotar o candidato da direita". E, sem nomear a polémica aberta por Maria de Belém, disse que "os socialistas, todos os socialistas, têm um adversário: Marcelo Rebelo de Sousa", e que independentemente de quem escolheram votar, "todos" escolheram "derrotar Marcelo".
Já o ministro adjunto, Eduardo Cabrita, disse aos jornalistas que o próprio secretário-geral do PS, António Costa, afirmou que os socialistas "têm dois candidatos" na "área socialista", para justificar a "livre opção" de cada militante do PS.
O histórico socialista Vítor Ramalho recordaria aos jornalsitas que "que quem se apresenta à candidatura é a pessoa, não os partidos", apontando depois falhas no discurso de Maria de Belém. "É estranho uma pessoa que quer defender a Constituição, não saber o que diz a Constituição", acrescentando que, assim, a ex-presidente do PS "está a demonstrar a sua própria debilidade na candidatura".