Nove em 10 telemóveis apreendidos nas prisões são miniatura
O mercado ilegal de telemóveis nas prisões espanholas é dominado pelos chamados 'minimóveis', que custam até 20 dólares na Net e ainda beneficiam das novas redes tecnológicas que tornam inúteis os inibidores de sinal instalados há uma década.
Segundo dados oficiais, divulgados esta quinta-feira pelo jornal El Mundo, quase 90% da média de 1500 telemóveis apreendidos anualmente nas prisões espanholas são mais pequenos que muitos brinquedos - e já foram encontrados no interior de um salto de sapato.
Além das vantagens que o tamanho e o preço oferecem, ainda beneficiam da desatualização dos equipamentos que deveriam torná-los inúteis.
É que os inibidores de sinal das prisões espanholas foram instalados em 2008, quando as redes de telemóveis operavam com frequências 2G e 3G - e, se muitos já não funcionam por falta de manutenção ou avarias, a evolução tecnológica do 4G e 5G tornou-os inúteis, critica o sindicato do setor prisional Acaip-UGT.
Embora a média anual de telemóveis apreendidos nas cadeias espanholas ronde os 1500 ao longo da última década, esse número atingiu os 1606 em 2018 - prosseguindo um aumento crescente dos aparelhos apanhados pelos agentes prisionais.
Traficantes de droga e terroristas são dois dos grupos de presos nas cadeias espanholas a quem já foram apanhados com telemóveis miniatura que lhes permitem prosseguir as suas atividades criminosas a partir das celas.
"Basicamente é uma questão de dinheiro", afirma o líder da Acaip-UGT, José Ramón López, explicando que os inibidores "deixaram de ser instalados" a partir de 2014 ou 2015, o que os "tornou desatualizados".
Existiram ainda casos em que esses inibidores "tiveram de ser desativados porque a prisão estava perto de populações e a interferência gerou protestos" - mas "na maioria dos casos não é feita a manutenção ou atualização do equipamento e os presos sabem que os telemóveis podem ser usados, lamentou aquele dirigente sindical.