O presidente do Partido Popular Europeu, a que pertencem o PSD e o CDS-PP, pediu à Comissão Europeia para fazer sangue contra Portugal e Espanha. Manfred Weber, com a subtileza de um carro blindado, pedia que as sanções previstas no Tratado Orçamental fossem usadas contra Lisboa e Madrid na sua "máxima força". O pedido não foi atendido, mas a ameaça ficou no ar. Curiosamente, dias antes, Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque pediam compreensão e tolerância, colocando-se ao lado do governo de António Costa. O mesmo governo que zurziram com os argumentos da Comissão. Bruxelas pode impor aos Estados políticas orçamentais absurdas, para depois os condenar pelo insucesso das medidas de que ela é a principal responsável! É um absurdo político e uma realidade moralmente revoltante. A atitude das figuras de proa da anterior coligação é também reprovável, além de inconsistente. Em vez de um patriotismo hipócrita, os partidos da direita deveriam reconhecer que deixaram acumular durante os últimos quatro anos, com a cumplicidade da troika, um gigantesco problema no setor financeiro. Sem a implosão do BES e a bomba Banif, que foram descuradas por razões de baixa conveniência política, Portugal já teria saído do procedimento por défice excessivo em 2015. Manfred Weber e Passos Coelho caminham na mesma estrada. Weber, em linha reta. Passos, aos ziguezagues. A única coisa que têm em comum é a crença numa ideologia medíocre, errada e perniciosa que, no final do caminho, acabará por reabrir antigas feridas e hostilidades entre os europeus, devorando tudo o que, arduamente, se construiu nos últimos 70 anos, em favor da paz e da unidade no nosso continente.