É a primeira vez que Herman José está no Coliseu de Lisboa com um espetáculo em que é a estrela. Não estará só no palco amanhã, nem com uma pequena banda, afinal intitulou as duas noites Herman, de Big Band em "Ris-Te" e vai fazer-se acompanhar de vários músicos numa orquestra sob a direção do maestro Pedro Duarte, com quem trabalha há muitos anos..O espetáculo estava programado apenas para a noite de sábado, mas como os bilhetes esgotaram rapidamente foi necessário Herman José duplicar-se em mais uma noite. Promete muita música e garante que com ele estarão vários dos seus sketches mais famosos, como os dos personagens do início, o Senhor Feliz, a José Estebes, Serafim Saudade e Nelo. Quanto aos números musicais, a promessa é de fazer uma antologia pelas canções de quatro décadas de carreira..Numa entrevista em 13 perguntas respondida nos intervalos da preparação do dois coliseus, Herman José fala da concorrência de novas gerações de humoristas, de como se diverte nos espetáculos, e garante que não vai falar das várias famílias socialistas que estão no governo: "As piadas do meu espetáculo, são quase todas perenes, testadas e intemporais.".imagemDN\\2019\\04\ g-6756ec09-3767-4751-bc77-7174c02e019a.jpeg.Quem se vai divertir mais no Coliseu: Herman ou o público?.Obviamente o público. Eu vou estar demasiadamente preocupado com que as coisas saiam perfeitas, profissionais e imaculadas. Mas vou disfarçar bem. Quem olhar para mim vai achar que eu não estou a trabalhar mas sim a divertir-me..A publicidade ao espetáculo diz: "O imperdível criador do Tal Canal." Há coisas que o público não se esquece ou é um sound bite que aprendeu com os políticos?.A frase não é minha, é de alguém que achou verdadeiramente que o Tal Canal foi responsável por uma viragem do humor nos anos 1980. Pessoalmente, vivo muito mais fascinado com o presente do que com o passado..A publicidade insiste no imperdível: "Espetáculo imperdível para todas as gerações de hermaníacos." Como definiria a geração mais nova de hermaníacos?.No outro dia, no programa Praça da Alegria, da RTP, fui confrontado com um grupo de fãs que tinham de 4 a 6 anos. Fiquei tão espantado quanto a equipa que estava a assistir àquela explosão de alegria juvenil. Quem sou eu então para refutar as evidências?.São 40 anos de carreira e muitas personagens. Apagaria alguma do seu passado?.Apagaria decerto muitas das personagens reais com as quais me fui cruzando. Já as minhas, as fictícias, defendo-as todas. Algumas delas, até me ajudam a pagar as despesas..Esta é a primeira vez que sobe em nome próprio no Coliseu dos Recreios. Porque nunca tinha tentado?.Nunca tinha calhado. Também nunca me tinha apetecido juntar os mais fiéis numa espécie de missa humorístico-evangélica..Diz que os seus espetáculos são como as impressões digitais: não existem dois iguais. É um convite para o espectador os bisar ou a certeza de que o improviso também faz parte do alinhamento?.Não repetir o conteúdo dos espetáculos, é uma necessidade minha, para que não me sinta previsível e rotineiro. Tenho uma fã, que já assistiu a mais de 150 espetáculos meus. Lá estará no Coliseu, ciente de que terá sempre pretextos para se espantar, para se emocionar, ou simplesmente para rir..O formato da Big Band é o que mais lhe agrada ou prefere a do One (Her)man Show?.A versão com a Big Band é maravilhosa, mas onerosa. Nem todas as festas, nem todas as salas, comportam o investimento. Nessas opto pelo trabalho solitário, que também me diverte e desafia..Portugal sofreu uma "invasão" de novos humoristas nos últimos anos. Como vê a concorrência?.Curiosamente, os meus maiores concorrentes, no que diz respeito à contratação de espetáculos ao vivo, não estão na área do humor, mas na área da canção. Logo, limito-me a admirá-los, a apoiá-los sempre que posso e a mostrar-lhes gratidão quando me evocam como exemplo de inspiração..imagemDN\\2019\\04\ g-40032cef-6289-4f30-adb4-9f1b423319be.jpg.O humorismo nacional está saudável ou precisávamos de um Donald Trump para agitar as águas?.Está saudável e recomenda-se. Em termos de humoristas per capita, estamos muito bem servidos..Por trás do humorista/ator existe um cidadão preocupado ou está cansado de dar para esse peditório?.Não dei pelo tempo passar. Para mim, a luta pelo dia-a-dia, a procura constante de renovação, e a necessidade de não desiludir os meus seguidores, faz que nunca me sinta enfadado nem cansado. Espero que esse dia venha longe..Será impossível fugir ao tema do momento quando subir ao palco, o das intensas ligações familiares no governo?.Os temas da atualidade, guardo-os para a escrita televisiva. São carne para canhão e munição para usar e deitar fora. As piadas do meu espetáculo são quase todas perenes, testadas e intemporais..No seu Instagram tem uma impressionante coleção de fotos na cozinha. Não resiste a esta parte dos prazeres da vida?.Dou muita importância à arte de bem confecionar alimentos, mas não tenho qualquer obsessão pela culinária. Ela ocupa, mesmo no meu Instagram, um lugar relativamente modesto. Não estará a confundir a minha página com a da Martha Stewart?.Voltemos ao de Herman em "Ris-Te": a data extra soube-lhe bem?.Nós já tínhamos desconfiado de que seria preciso uma data extra. Não nos passou pela cabeça é que ela tivesse de ser anunciada com tanta rapidez. A velocidade a que foram vendidos os bilhetes, deixou-me orgulhoso, mas responsabiliza-me. Obriga-me a uma taxa de agrado de pelo menos 100%... (risos)..Coliseu de Lisboa.Dias 12 e 13, pelas 21.30.imagemDN\\2019\\04\ g-4fe4e2f3-43fb-4902-805c-1bbd2ec43ea5.jpg