"Ninguém consegue fazer lockdown dos insetos", diz ministro de Bolsonaro
Onyx Lorenzoni, ministro da cidadania de Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, argumentou que ninguém consegue confinar os animais e os insetos nos espaços urbanos numa tentativa de defender o fim das medidas de isolamento levadas a cabo por governadores e prefeitos brasileiros para impedir a disseminação do coronavírus.
"Muitos aí ainda insistem numa ferramenta chamada lockdown, que já está provada por várias experiências no mundo que é ineficiente. E porque é que ela é ineficiente? Alguém consegue impedir que nas áreas urbanas o passarinho, o cão de rua, o gato, o rato, a pulga, a formiga se locomovam? Alguém consegue fazer o lockdown dos insetos? É óbvio que não. E todos eles transportam o vírus", disse Lorenzoni, num vídeo que vai viralizando nas redes sociais do Brasil.
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Lorenzoni, um dos primeiros apoiantes de Jair Bolsonaro, já se fizera notar por outro exemplo curioso. Para sustentar a flexibilização do uso de armas no Brasil rebateu, ainda em janeiro de 2019, o argumento de que seria perigoso para as crianças a existência de pistolas em casa, comparando-as a liquidificadores. "A gente vê criança pequena botar o dedo dentro do liquidificador e ligar o liquidificador e perder o dedinho. Então, nós vamos proibir os liquidificadores? Não. É uma questão de educação, é uma questão de orientação. No caso da arma, é a mesma coisa".
Despromovido pelo presidente de titular da Casa Civil, o cargo político de maior peso do governo, para a pasta da Cidadania a meio do mandato, ao chegar ao poder Lorenzoni demitiu cerca de 300 funcionários do Planalto por "estarem comprometidos com o Partido dos Trabalhadores". A medida acabaria por bloquear os serviços ministeriais.
Em agosto de 2019, recusou ajuda do G7, conjunto das economias mais ricas, para reflorestar a Amazônia, atacando a Europa em geral e a França em particular. "Agradecemos, mas talvez esses recursos sejam mais relevantes para reflorestar a Europa. [Emmanuel] Macron não consegue sequer evitar um previsível incêndio numa igreja que é património da humanidade [Catedral de Notre-Dame] e quer ensinar o quê para o nosso país? Ele tem muito o que cuidar em casa e nas colónias francesas".
O ministro foi citado na Operação Lava Jato como um dos políticos que recebeu dinheiro para financiar a campanha ao cargo de deputado federal nos anos de 2012 e 2014, pelos executivos da empresa de produção de carne JBS. Confrontado com a situação, Sérgio Moro, seu colega de governo na altura, desvalorizou porque o deputado pedira "desculpas".