Veríssimo sem medo do Liverpool: "Acreditamos que vai ser 50/50"
Não é David (Benfica) contra Golias (Liverpool), pelo menos na opinião de Nélson Veríssimo, que vê "capacidade" na sua equipa para ombrear com os reds nos quartos-de-final da Liga dos Campeões (terça-feira, às 20.00, TVI e Eleven Sports). Nem o adversário "muito competente" e orientado "por um treinador que dispensa apresentações", nem o terceiro lugar na I Liga ou os rumores de saída do Benfica tiram ambição europeia ao técnico benfiquista. "Sabemos que temos de estar num nível muito bom nestes dois jogos. É uma eliminatória que vai ser complicada, acreditamos que a podemos dividir. Acreditamos que vai ser 50/50, mas claro que reconhecemos qualidade, capacidade e mérito ao Liverpool", disse o treinador encarnado, na antevisão do jogo da 1.ª mão dos quartos-de-final da Champions.
E quem sabe se a história não se repete. Em 2006, nos oitavos-de-final da Champions, o Benfica treinado por Ronald Koeman eliminou o então campeão europeu Liverpool, treinado por Rafa Benítez (1-0 na Luz e 0-2 em Anfield). E se a história se repetir, e as águias eliminarem os ingleses e chegarem às meias-finais garantem um encaixe financeiro recorde. Até agora, o Benfica já arrecadou quase 65 milhões nesta edição, mas pode garantir mais 12,5 milhões.
Os reds estão no segundo lugar da fortíssima Premier League, mas "estando ao melhor nível", o Benfica "pode suprimir" os pontos fortes do Liverpool: "Têm uma variedade muito grande no que são as dinâmicas ofensivas da equipa, movimento à largura, ataque à profundidade. No processo defensivo gostam de pressionar alto, são muito compactos, mas analisámos o Liverpool e sentimos que há situações em que podemos aproveitar."
Por isso mesmo, o "processo defensivo" encarnado "precisa de uma competência muito grande", à semelhança do que sucedeu com o Ajax, nos oitavos-de-final da Champions. Para o treinador benfiquista é importante entrar bem no jogo e na eliminatória, e "deixar o resultado em aberto" sem deixar de tentar conquistar a vitória.
Mas como é que a equipa pode ultrapassar animicamente o favoritismo dado ao Liverpool? "Passa por reconhecer que eles têm qualidade e capacidade, e a partir daí ver como nos vamos desmontar. Vamos jogar com 12 jogadores, o 12.º é o nosso público, que certamente estará com a equipa a dar o apoio que sabemos que nos conseguem dar. Acreditamos que a equipa está num momento em que vai conseguir dividir o jogo", insistiu o treinador, revelando que apenas Rodrigo Pinho e o Lucas Veríssimo estão indisponíveis para a partida.
O treinador do Benfica voltou ontem a ser questionado sobre a continuidade no banco encarnado na próxima época e agradeceu "a preocupação de todos" com o seu futuro. "Já disse na antevisão do jogo com o Sp. Braga que é um tema com o qual não estou preocupado. Se tiver de ficar fico, senão não fico. Mais importante que isso são os jogos do campeonato e da Liga dos Campeões. Esse é o foco e vai ser a preocupação até dia 15 de maio", atirou.
Por agora, Veríssimo vai "aproveitar cada momento" e "cada jogo" no banco, com a consciência de que o seu futuro enquanto treinador "é o menos importante" neste momento. "Mais importante foi chegarmos aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, o que não acontecia há seis anos, e é pensar que estamos numa eliminatória em que se abre a possibilidade de alcançar as meias-finais, algo que nunca aconteceu neste formato. Temos de nos agarrar a isso, e acreditamos que possa acontecer. Vamos lutar muito", garantiu o técnico benfiquista.
Para eliminar o Benfica, o Liverpool precisa estar no "melhor nível" numa prova em que a equipa lisboeta "superou as expectativas", garantiu ontem Jürgen Klopp, treinador dos ingleses."Temos de estar ao nosso melhor nível. O Benfica é uma das equipas mais poderosas de Portugal. Esta época não estão exatamente onde pretendiam no campeonato, mas estão a ir longe na Liga dos Campeões e, por isso, será um adversário difícil", sustentou o técnico alemão, confesso admirador do futebol português.
Na Luz, espera encontrar um adversário que alia "técnica, velocidade e boa organização". "São uma equipa disposta a correr riscos. Quando está em posse de bola abre a formação tática e há muito espaço que é preciso defender. Temos de ganhar bola e aproveitar esses momentos. É o que têm feito em quase todos os jogos, mas talvez contra nós joguem de forma completamente diferente e temos de nos adaptar", analisou Klopp, lembrando que o Benfica também não era favorito na fase grupos [que integrava Bayern Munique, FC Barcelona e Dínamo Kiev], nem frente ao Ajax, e chegou até aqui.
Atento a Darwin Núñez, o alemão disse que o mais valioso do plantel encarnado (ver peça ao lado) e melhor marcador do campeonato (com 21 golos e quatro na Champions) "não é a única ameaça" do lado encarnado.
"O Benfica tem uma boa equipa, talentosa, mas sim, é um bom avançado, um jogador de topo. O golo que marcou frente ao Ajax em Amesterdão foi dos grandes. Na fase de grupos também. No último jogo [na I Liga] entrou ao intervalo, por isso, esperamos que jogue de início. Temos de nos certificar que não terá muitas oportunidades", analisou Klopp, elogiando outros jogadores: "Rafa, com a bola, é muito rápido. Conheço obviamente o Weigl, o João Mário tem muita qualidade e há outros com grande experiência, como o Otamendi".
isaura.almeida@dn.pt