Negociar dívida pública e corporativa na Bolsa está em análise

Entre as prioridades estão a criação de uma nova plataforma de negociação e o estreitamento da ligação ao mercado espanhol, adiantou o seu presidente.
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A NYSE Euronext Lisbon, a Bolsa portuguesa, quer trazer de novo a negociação da dívida corporativa e soberana "para dentro do mercado de capitais". A intenção foi ontem anunciada pelo seu presidente, Luís Laginha de Sousa, durante o encontro promovido por esta empresa subordinado ao tema "A Bolsa portuguesa no novo ano: perspectivas e iniciativas".

"Estamos a avaliar a possibilidade de vir a ter negociação de dívida pública" no mercado de capitais, disse o presidente da Euronext Lisbon. Admitindo existir "grande apetência por este activo", adiantou, contudo, que "este é um tema que tem de ser analisado com cuidado".

De entre as iniciativas que estão a ser estudadas para o futuro, a Bolsa está igualmente a estudar o reforço da ligação ao mercado espanhol como o possível lançamento do índice ibérico, uma hipótese já vinda a público.

A expansão da actividade da Interbolsa, o único activo da Euronext existente em Portugal na área do post-trading (liquidação e custódia de títulos), está também entre as prioridades futuras da Euronext Lisbon, anunciou ainda Luís Laginha de Sousa.

"As empresas têm de aumentar as formas de suportar o seu desenvolvimento e o mercado de capitais é claramente uma opção", afirmou o presidente da Euronext Lisbon. Para este responsável, a Bolsa "é um instrumento que pode ser facilitador para as empresas portuguesas aproveitarem as oportunidades que existem no mercado global", permitindo ultrapassar dificuldades de financiamento.

Atrair mais empresas para a Bolsa significa também trazer mais dinamismo à economia, pelo que seria desejável que o mercado "reflectisse melhor aquilo que é a actividade económica" do País, defendeu. E exemplificou com o facto de alguns sectores de actividade, como o turismo e os seguros, não estarem actualmente representados no mercado de capitais.

Entre as várias iniciativas com vista a mobilizar a comunidade empresarial para a aderir à Bolsa está a criação de uma nova plataforma. Este responsável adianta que esta está a ser trabalhada, podendo a Euronext vir a propor medidas legislativas para a sua constituição, caso seja necessário.

Referindo-se à questão do mercado de transacções fora da Bolsa, Laginha de Sousa defende que há muito para fazer para o regulamentar, uma vez que "a opacidade tem vindo a aumentar". Os montantes transaccionados em 2010, à margem do mercado de capitais regulamentado, "não serão significativamente menos do que em 2009", reflectindo ainda o forte crescimento de 2007.

Quanto às novas admissões de empresas na Bolsa (Inicial Public Offer, IPO), o mercado está estagnado desde 2007, ano em que registou forte queda. "Mas há sinais de retoma em algumas regiões da Zona Euro", afirmou aquele responsável.

Em 2010, a Bolsa portuguesa registou um aumento de 14% no número de negócios e de 27% no volume negociado.

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