Se fosse preciso medir a vitalidade da literatura na segunda edição do Folio, o Festival Literário de Óbidos, a sessão com o escritor V.S. Naipaul confirma que estava a 100%. Mesmo que a presença do Nobel da Literatura deixasse arrepiada a maior parte dos espectadores que se deslocaram à Vila Literária para o ver, devido à degradação do seu estado de saúde. Mesmo debilitado e respondendo com poucas palavras às sucessivas questões durante uma hora sobre o palco, Naipaul acabou por não desiludir os que foram ouvir um dos poucos galardoados pela Academia Sueca que vieram a Portugal..Com menos público mas com a mente aguçada esteve o poeta sul-africano Breyten Breytenbach, talvez uma das maiores vítimas do desconhecimento cultural no nosso pais, visto nem ter obra editada por cá há mais de 20 anos..O primeiro dia do Folio acabou com um espetáculo de Bena e Marta Hugon que cantaram o repertório do compositor brasileiro Edu Lobo, depois de várias sessões espalhadas pelos espaços intramuros de Óbidos, onde não faltou uma homenagem a José Saramago com a primeira das representações diárias da adptação pelo Teatro ACERT do Conto da Ilha Desconhecida, cujas vozes de Catarina Moura e de Luís Pedro Madeira ecoavam conta as pedras da muralha da vila..Com lotação surpreendentemente esgotada esteve a atuação da Orquestra Metropolitana de Lisboa que com António Jorge Gonçalves, que deu música aos desenhos digitais do universo Filipe Seems..Hoje, estarão no Folio vozes mais presenças, clássicas como a de Helder Macedo numa aula sobre Camões, mais jovens como a da escritora Djamilia Pereira, e de eia idade como é a do autor brasileiro Bernardo de Carvalho. Sérgio Godinho fechará a noite.