"Conto a conta-gotas o tempo que passa/Vejo o sol lá fora a fazer-me pirraça/Já são quatro e meia, está quase na hora/de fechar a loja para dar o fora". Assim começa a letra de Sentir o sol, o primeiro single do disco de estreia d"Os Quatro e Meia, que nos faz sonhar com o dolce far niente das esplanadas e do verão em geral e na qual fazem uma auto-referência. Quatro anos após terem começado está na hora deste sexteto de Coimbra se apresentar ao mundo com o disco de estreia, Pontos nos Is..[youtube:watch?v=n8tyFYZra9M].A história de Os Quatro e Meia é a de seis estudantes universitários e está ligada às tunas de Coimbra. "Foi através desses grupos que nos conhecemos. Mas não foi essa a razão para fazermos uma banda. Fora desse meio criámos um grupo que não tem nada com essas raízes", explica Mário Ferreira, o acordeonista, vocalista e engenheiro informático. Outro vocalista (e guitarrista), Ricardo Liz Almeida, releva uma qualidade das tunas: "Não aprendi a tocar na tuna, aliás nenhum de nós, mas alguma da música tradicional portuguesa que não conhecia foi lá que ma mostraram.".A estreia da formação decorreu numa gala de angariação de fundos no Teatro Académico Gil Vicente, ainda o percussionista (e hoje médico) Pedro Figueiredo não se tinha juntado aos restantes elementos. "No final desse concerto, que correu bem, as pessoas incentivaram-nos para continuarmos. Quando estávamos para entrar em palco perguntam pelo nosso nome e, na verdade, ainda não tínhamos falado sobre esse assunto. E nós éramos de facto os quatro e o meia, porque o Rui (Marques, contrabaixista e engenheiro civil) é conhecido por Meia Leca". Nasceu de uma assentada o grupo e o nome. Sobre este último Tiago Nogueira, vocalista, guitarrista e médico reconhece que é "um bocado bullying com o Rui", para completar: "O Rui sabe que é um termo carinhoso pelo qual o tratamos e lida bem com isso. Gosta genuinamente do nome do grupo.".Sobre o título do disco que foi posto à venda na sexta-feira, responde Mário Ferreira: "Quisemos assinalar um grupo de músicas que fizeram parte destes quatro anos da banda. Ao ouvi-las podemos entender que não são muito semelhantes entre si, que revelam influências diferentes e sonoridades muito distintas, mas que são basicamente aquilo que nós somos. Cada música acaba por ser um ponto que estamos a colocar no i da nossa identidade enquanto banda.".Do sexteto, apenas o violonista João Cristóvão Rodrigues vive da música, enquanto professor. E, se Coimbra é "o quartel-general", como refere Tiago Nogueira, hoje só dois membros da banda vivem na cidade dos estudantes. Daí que a gravação do disco tenha sido "muito, muito morosa". Mário Ferreira explica: "Não somos a banda tipo. Temos de marcar ensaios com duas semanas de antecedência, a nossa agência pede as nossas indisponibilidades e temos de arranjar trocas e folgas para irmos aos concertos". Ricardo Liz Almeida acrescenta que o papel dos colegas de profissão é "fundamental" para poderem coincidir agendas. "Se há alguma capacidade em que podemos dizer que somos bons é como aproveitamos o tempo livre", conclui Mário Ferreira. Nesse tempo inclui-se atuações em festivais de verão como o Marés Vivas ou o Sol da Caparica..Os Quatro e Meia.Concerto de apresentação do disco.2 de julho, às 19.30.Fnac Colombo (Lisboa)