Quem entra é convidado a pegar numa das peças temáticas de gesso expostas na vitrina e parti-la. E, tal como num bolinho da sorte, ler a mensagem que surge num papel e que pode ser a profecia para o que a noite reserva. Mas depois aquilo que nos inebria são as imagens ousadas pintadas nas paredes das salas abobadadas que se seguem. Estamos no MEL - Museu Erótico de Lisboa, que, apesar do nome, não é um museu. Também não é restaurante e não se assume meramente como bar. Mas é na capital, em pleno Cais do Sodré, e erotismo por ali é coisa que não falta. Na decoração, na comida e na bebida.."O projeto apela muito aos sentimentos e ao que cada um pensa das nossas sugestões e provocações", explica Joana Gomes, da MainSide, empresa proprietária do MEL, garantindo que fazer uma visita guiada a quem não está no espaço é tarefa difícil. O melhor é ir conhecer e sentir..As pinturas gigantes de Cicciolina e Jeff Koons em poses de grande intimidade e ousadia, nas paredes do espaço, são da autoria do artista plástico Diogo Muñoz. Vêm da série "Made in Heaven", que o artista norte-americano Jeff Koons criou nos tempos em que foi casado com a estrela porno italiana. Reza a história que, após um divórcio conturbado, ele só conseguiu ver o filho sob a promessa de destruir aquelas obras..Alguns detalhes, "os mais suaves", das obras sobreviventes, estão agora em grande evidência no MEL - Museu Erótico de Lisboa..A decoração combina elementos asiáticos com outros mais ocidentais, com destaque para as cadeiras suspensas da autoria do artista Leonel Moura. "São um pouco o nosso palco, um palco aéreo, onde planeamos fazer espetáculos", conta Joana Gomes. Mas sempre sem dia e hora marcados, para que a surpresa seja uma constante..O erotismo da decoração estende-se às propostas gastronómicas e às bebidas. Tanto nos sabores - das ostras, chocolates ou pimentas -, como na apresentação. "Está em tudo". O bartender Evy Silva criou uma série de cocktails sugestivos, como o Bubble Bath (Banho de Espuma) ou o Lady in Red (Mulher de Vermelho). E o chef David Joudar preparou várias iguarias com um twist perfeito para apurar os sentidos. "Ali não há talheres, o que torna tudo muito sensorial", realça Joana Gomes. Siga a sugestão da responsável da MainSide e imagine comer leite creme... E depois lamber os dedos..O MEL abriu portas a 11 de novembro, dia do 10.º aniversário da "mãe" Pensão Amor, ali perto, que agora está encerrada para obras e que deverá reabrir na Primavera. Aliás, o nome do espaço que agora abriu já tinha sido pensado para um projeto anexo à Pensão Amor que nunca se concretizou, tendo agora sido recuperado para esta nova aposta, nascida em plena pandemia, mas com bom ambiente nos primeiros dias. Partir as peças do artesão João Cruz Malheiro logo à entrada é que provoca alguma estranheza. Afinal, é aquilo que naquele espaço mais se aproxima de um museu.