Muralha grega em Arouca no regresso aos triunfos do Benfica
O Benfica cumpriu a missão em Arouca embora sem brilhantismo. O triunfo (2-0) desta sexta feira, na 19.ª jornada da I Liga, permite aos encarnados encurtar distâncias para a liderança - está agora a seis pontos do FC Porto. Num jogo nem sempre bem disputado e com muitos duelos físicos, os dois golos de Darwin e Gonçalo Ramos foram suficiente para os encarnados conquistarem os três pontos e regressarem às vitórias no campeonato, ganhando assim moral para a final four da Taça da Liga, que se joga para a semana.
Nélson Veríssimo manteve Paulo Bernardo no onze titular e mostrou assim que a aposta na formação defendida pelo presidente Rui Costa ganhou novo capítulo. O treinador do Benfica promoveu três alterações face ao que apresentou frente ao Moreirense (1-1): Lazaro, Vertonghen e Yaremchuk entraram para os lugares de Gilberto, Morato e Seferovic - está de saída da Luz.
Já Armando Evangelista mudou duas peças - apostou em David Simão e Adílio - e privilegiou a muralha defensiva para colocar o convidado em sentido. E ter Victor Braga a fazer frente a Darwin aos nove minutos galvanizou os arouquenses. Mas aos 31 minutos João Basso mediu mal as distâncias para o pé do uruguaio e o árbitro Nuno Almeida não teve dúvidas em apontar para a marca dos 11 metros, onde o mesmo Darwin fez o 1-0. Com classe e tranquilidade o avançado adiantou o Benfica e chegou aos 20 golos na época (15 no campeonato), o seu melhor registo da carreira.
O treinador do Arouca tinha recusado o rótulo de "coitadinhos", não só por irem a jogo limitados por causa de um surto de covid-19 no plantel, mas também porque a postura nunca seria de entrar derrotados no jogo, e responderam ao golo do Benfica com uma bela jogada em contra-ataque. Leandro lançou Arsénio, que passou por Vlachodimos, mas foi derrubado na área e novo penálti no jogo. O mesmo João Basso que derrubou Darwin na área foi chamado a empatar o jogo, mas teatralizou demasiado o remate e Vlachodimos só teve de esperar pela bola para se desculpar pelo erro anterior.
Impedido o empate, chegou o intervalo. Everton ficou a aquecer e adivinhava-se uma mudança no esquema do Benfica para o segundo tempo. O brasileiro regressou aos eleitos após recuperar de covid-19 e começou no banco, mas o jogo pedia criatividade para criar desequilíbrios na frente e tirar melhor partido dos dois homens da frente, que na prática foi apenas um na primeira parte, tal a nulidade ofensiva de Yarenchuck.
Everton entrou para o lugar do ucraniano e o futebol do Benfica começou a respirar melhor. Darwin passou a ser o homem referência do ataque, ladeado por Rafa e Everton, que ameaçou a baliza assim que entrou. O extremo português que tinha andado 45 minutos a jogar na sombra ganhou de imediato protagonismo e ameaçou a baliza num remate cruzado em força. Victor Braga impediu o golo de Rafa naquela que foi a melhor jogada ofensiva da equipa encarnada depois do lance que resultou em golo.
O jogo parou depois uns minutos devido a um choque de cabeça entre Weigl e Eboué. O arouquense ficou abalado e não voltou ao jogo, enquanto o alemão voltou de touca e com um corte no sobre olho. Há muito que a FIFA e a UEFA tentam encontrar um protocolo consensual e abrangente para os choques de cabeça, mas a verdade é que tem vigorado a regra do bom senso (um misto de vontade do jogador e aval médico).
A paragem deu para os técnicos acertarem as estratégias. Veríssimo voltou a tirar Rafa do jogo - uma substituição já é habitual que lhe tem valido alguns comentários negativo como o de mexer mal na equipa. E logo a seguir teve de substituir Paulo Bernardo por lesão (entrou Taraabt) e tirou Darwin para dar lugar a Gonçalo Ramos, um avançado de ligação para começar a conter o pressing final do Arouca logo no ataque.
Os adeptos benfiquistas não gostavam da postura mais defensiva dos encarnados e das muitas perdas de bola que davam alento à equipa da casa, que ligava cada vez mais e melhor o jogo. Bukia teve o empate nos pés, mas a bola passou a centímetros do poste da baliza de Vlachodimos, que aos 81 minutos teve de se aplicar ao melhor nível para evitar mais uma vez o empate.
O guarda-redes grego assumia-se cada vez mais como figura do jogo, depois de um penálti cometido e defendido e duas enormes defesas a manter a baliza a zeros. Contavam-se os minutos para o fim do jogo, mas o árbitro deu oito minutos de compensação pela longa paragem para assistir os jogadores envolvidos no choque de cabeças e Gonçalo Ramos aproveitou para consolidar o triunfo benfiquista e sossegar os adeptos.
VEJA OS GOLOS
0-1 Darwin (Benfica)
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0-2 Gonçalo Ramos (Benfica)
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isaura.almeida@dn.pt