Uma mulher de Hong Kong foi hoje condenada por um tribunal da cidade a pagar o equivalente a mais de 87 mil euros por maus tratos infligidos a uma ex-empregada doméstica indonésia há quatro anos..Depois de ter sofrido maus tratos em 2013 na casa onde trabalhava em Hong Kong, Erwiana Sulistyaningsih, então com apenas 23 anos, conseguiu fugir para a Indonésia em janeiro de 2014..Em 2015, a empregadora, Law Wan-tung, foi condenada a seis anos de prisão por abusos cometidos contra Erwiana Sulistyaningsih..Durante o julgamento, a vítima descreveu que se alimentava de pequenas porções de arroz e de pão, e que não dormia mais de quatro horas por noite. Erwiana contou em tribunal as agressões de que foi alvo, desde ter um tubo de aspirador enfiado na boca, a ser pontapeada e esbofeteada, ou espancada violentamente, ao ponto de perder a consciência..A empregada apresentou então nova ação contra Law, pedindo 809.430 dólares de Hong Kong (cerca de 87 mil euros) por danos sofridos e para fazer face a despesas médicas e de tribunal, segundo a imprensa de Hong Kong..O tribunal decidiu hoje aprovar o montante total para a compensação pedido por Erwiana..Além disso, afirmou que Erwiana sofreu profundamente e descreveu o seu pedido de compensação como sendo "modesto e contido"..Hong Kong tem cerca de 340 mil trabalhadoras domésticas, a maioria das Filipinas e Indonésia..Erwiana Sulistyaningsih tornou-se o rosto de uma minoria silenciosa de milhares de empregadas domésticas que trabalham em Hong Kong..Organizações de direitos humanos têm denunciado as agências de recrutamento, que mediante a promessa de emprego, pedem às trabalhadoras migrantes somas de dinheiro astronómicas, colocando-as numa posição de dívida e dependência. Há relatos também de situações em que os passaportes das empregadas domésticas são confiscados..As associações de defesa dos direitos destas mulheres reivindicam ainda abolir uma norma que obriga as empregadas a viverem com os empregadores, de forma a evitar situações de abuso e de exploração..O governo de Hong Kong não manifestou nenhum sinal de querer rever a regulamentação.