Muçulmanos protegem cristãos de ataque terrorista
Atacantes do grupo terrorista Al-Shabab cravejaram de balas um autocarro queniano esta segunda-feira, matando duas pessoas. Mas um passageiro contou à Reuters que ele e outros muçulmanos desafiaram as exigências dos atacantes de ajudar a identificar os cristãos que viajam com eles.
O ataque aconteceu em Mandera, no nordeste do Quénia. Há um ano, atacantes da Al-Shabab entraram num autocarro nesta zona e mataram todos os 28 passageiros que não eram muçulmanos.
Abdi Mohamud Abdi, um muçulmano que estava no autocarro atacado esta segunda-feira, disse à agência Reuters que mais de 10 atacantes da Al-Shabab entraram no autocarro, e ordenaram aos passageiros muçulmanos que se separassem dos cristãos, mas eles recusaram. "Até demos a alguns dos não-muçulmanos a nossa roupa religiosa para vestirem no autocarro para não serem tão facilmente identificados. Ficámos todos muito juntos", disse.
"Os atacantes ameaçaram matar-nos, mas nós recusámos [ajudá-los] e protegemos os nossos irmãos e irmãs. Finalmente desistiram e foram embora, mas avisaram que voltariam", contou o passageiro à Reuters.
[artigo:4518015]
Em ataques anteriores, a Al-Shabab, grupo terrorista islamita com base na vizinha Somália, já matou muçulmanos juntamente com pessoas de outras religiões.
Um representante das autoridades locais confirmou à Reuters que os atacantes "estavam a tentar identificar quem era muçulmano e quem não era", mas os passageiros muçulmanos recusaram-se a ajudar. Os atacantes fugiram do local.
[artigo:4495960]
O porta-voz do grupo terrorista Al-Shabab, Absiasis Abu Musab, disse num comunicado enviado à agência Reuters que o grupo tinha disparado contra o autocarro. "Alguns dos inimigos cristãos morreram e outros ficaram feridos". De acordo com a polícia queniana, registaram-se dois mortos e quatro feridos.
A Al-Shabab declarou que ia continuar a atacar o Quénia até que Nairobi retire as tropas da força da União Africana que combatem os terroristas na Somália. Acrescentou que o nordeste do Quénia, onde ocorreu o ataque, deveria pertencer à Somália.