MP acusa agente 'Dino' da PSP e outros 12 suspeitos de tráfico de droga
O Ministério Público (MP) anunciou esta segunda-feira ter constituído 13 arguidos por tráfico de droga, incluindo um agente da PSP da esquadra da Gondomar e que é apontado como um dos líderes de uma organização criminosa. Trata-se de Bernardino Mota, conhecido por "Dino", que desde há 17 anos estava referenciado pelas autoridades por tráfico de droga.
"Não é um indivíduo comum. É muito perspicaz, atento e tem profundos conhecimentos de contra vigilância - bastava suspeitar de alguém que parasse o carro ao seu lado num semáforo e olhasse para ele, para ir logo ver a de quem era a matrícula. Nunca facilitava. Nunca era ele a transportar a droga. Só uma vez baixou a guarda. E foi aí que o apanhámos", descreveu ao DN um oficial superior da PSP, na altura da detenção deste agente.
De acordo com a informação recolhida na investigação da PSP, 'Dino' estava na mira das autoridades pelo menos desde 2002, ano em que a Polícia Judiciária (PJ) abriu o primeiro de vários inquéritos para investigar este agente por suspeitas de crimes variados, desde tráfico de droga, viciação de viaturas, injúrias, entre outros, sem que nenhuma acusação tivesse sido deduzida nem a PSP informada.
Internamente, na própria PSP, 'Dino' já tinha sido alvo de, pelo menos, dois processos disciplinares. No último deles, em 2009, por ter disparado sem justificação contra uma viatura, esteve à beira de ser expulso. Foi castigado com 220 dias de suspensão, a punição máxima antes da expulsão.
Só em 2017, quando o apanhou numa escuta é que a PSP conseguiu ficar com a investigação e abrir o inquérito que culminou com a sua detenção.
Segundo adianta uma nota do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), o agente da PSP é um dos quatro dos arguidos acusados de tráfico de droga agravado, mas também do crime de associação criminosa.
O DCIAP revela que efetuada investigação patrimonial àquele agente da PSP, "apurou-se a existência de património incongruente com os seus rendimentos lícitos, razão pela qual foi deduzida a respetiva perda a favor do Estado, no montante de 184.692,32 euros.
A acusação refere que os quatro arguidos adquiriam haxixe em elevadas quantidades no sul de Espanha e transportavam-no, em automóveis, para a zona metropolitana do Porto, onde era efetuada a sua venda a terceiros. Os arguidos em causa terão realizado, pelo menos, 27 viagens com esse propósito, sustenta a acusação.
Os restantes arguidos acusados - indica o DCIAP - diligenciaram pela venda de haxixe a consumidores desse estupefaciente no grande Porto.
Três dos arguidos, incluindo 'Dino', foram detidos, em 07 de julho de 2019, a transportar cerca de 120 quilos de haxixe, droga cuja venda lhes renderia cerca de 150 mil euros, tendo nas buscas então realizadas nas habitações de alguns dos arguidos sido apreendida mais daquela droga, vários telemóveis, dinheiro e viaturas.
A operação envolveu pedidos de cooperação internacional com as autoridades espanholas. Com a acusação, o DCIAP avança que, relativamente a três dos arguidos, foi promovida a manutenção da prisão preventiva.