Motorista do Sinn Féin era um espião britânico

  
 
12/02/2008
Roy McShane era conhecido entre os membros do Sinn Féin como Roy, o Rato. Mas o que os republicanos irlandeses não suspeitavam é que o apelido estava tão bem escolhido. O homem que durante anos conduziu Gerry Adams às reuniões das negociações de paz na Irlanda do Norte afinal era um espião ao serviço dos serviços secretos britânicos. A verdadeira identidade de McShane foi descoberta há dias e este fugiu da sua casa em Belfast. Desde então, terá sido colocado sob protecção policial pelas autoridades de Londres.

Visto como um "soldado das classes trabalhadoras", como afirma o jornal britânico Daily Telegraph, McShane pertencia às bases do Sinn Féin. Talvez por isso, a notícia de que era um espião britânico não esteja a causar a mesma indignação que provocou a revelação, em 2005, de que o administrador do partido, Dennis Donaldson, era um agente de Londres. Apesar de tudo, McShane terá tido acesso a algumas informações classificadas no processo de paz entre republicanos, católicos, e unionistas, protestantes. Uma época em que o motorista conviveu de perto com líderes do Sinn Féin como o actual vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte , Martin McGuinness.

Pressionado pelo seu partido para explicar esta situação, Gerry Adams começou por garantir ao Belfast Telegraph que o motorista pode voltar em segurança à Irlanda do Norte sem ser alvo de ameaças dos republicanos. Além disso, o presidente do Sinn Féin disse não ter ficado surpreendido ao tomar conhecimento de que McShane era um espião, garantindo já desconfiar do motorista há algum tempo.

No período mais conturbado na Irlanda do Norte , de finais dos anos 60 aos acordos de Sexta-Feira Santa, em 1998, quem traísse o Sinn Féin tinha uma morte certa às mãos do IRA , o Exército Republicano Irlandês. Donaldson, por exemplo, foi encontrado morto cinco meses após admitir ser um espião. O IRA sempre negou a autoria do crime.