Moscovo vai retomar fornecimento de eletricidade à Ucrânia
Moscovo prometeu hoje retomar o transporte de carvão e fornecer eletricidade à Ucrânia pela primeira vez em três anos, apesar do fracasso de Kiev para garantir o fornecimento de energia para a Crimeia anexada pela Rússia.
A decisão inesperada do presidente russo Vladimir Putin foi anunciada um dia depois de a Ucrânia ter aumentado a pressão sobre a península do mar Negro, cortando as ligações ferroviárias e rodoviárias com o continente.
Mas o apoio público da Rússia na Crimeia - essencial em face da condenação global pela anexação da Crimeia, em março - depende fortemente da capacidade de Putin para melhorar as condições de vida na Crimeia.
Fontes de informação de Kiev informaram que o presidente ucraniano Petro Porochenko tinha usado a proibição de viajar para a Crimeia como moeda de troca nas suas negociações de energia com o Kremlin.
Tanto Moscovo como Kiev recusam-se a divulgar os termos do negócio de carvão e eletricidade.
"Considerando a situação crítica na Ucrânia com o abastecimento de energia, Putin decidiu iniciar os embarques apesar da falta de pagamentos antecipados", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, à nova agência russa Tass.
"Isso demonstra a vontade política do presidente Putin para prestar apoio aos ucranianos, especialmente na véspera do Ano Novo", acrescentou.
Oito meses de insurreição separatista da Ucrânia no leste industrial de língua russa fecharam muitas das enormes minas de carvão da região e deixaram sem combustível caldeiras antiquadas da ex-república soviética.
A crise de energia tem sido agravada pelo fecho temporário, há um mês, da central nuclear Zaporizhia, no sul da Ucrânia, a maior da Europa e a quinta maior do mundo.
O Vice-primeiro-ministro russo, Dmitry Kozak, disse que Moscovo vai começar por enviar 500 mil toneladas de carvão por mês "para ajudar a Ucrânia a resolver o problema do abastecimento de energia fiável para a Crimeéa e que esses volumes poderão duplicar se for assinado um acordo.
Mas também admitiu que Kiev não tinha conseguido assegurar que qualquer desses suprimentos atingiria a península russa controlada, que sofreu cortes de energia periódicos na maior parte da passada semana.
"Nenhum acordo sobre Crimeia foi assinado até à data," disse Kozak ao canal de notícias Rossiya.
No entanto, insinuou que Moscovo tinha recebido um compromisso particular de Kiev para manter as luzes da Crimeia e as casas aquecidas durante os meses de inverno.