Moradores contra demolição de prédio histórico na Praça das Flores
Moradores na Praça das Flores, em Lisboa, vão manifestar-se na terça-feira de manhã contra a demolição de um edifício histórico que vai ser substituído por outro com uma traça mais moderna, por temerem impactos na identidade do local.
"O edifício está a ser cercado com placas e, por isso, presumo que a demolição esteja para breve. Achei que era uma boa altura para os residentes manifestarem a sua contestação", disse à agência Lusa o morador Luís Ramos Pinto, da organização do protesto.
Os receios dos moradores prendem-se com "as consequências visuais na praça, que poderá perder a sua identidade" e com a dimensão do novo prédio de cinco andares nos números 10 a 14 da Praça das Flores, na freguesia da Misericórdia, "que irá bloquear a vista" aos restantes, justificou o representante.
"Todos os edifícios têm uma linguagem visual que se assemelha à do edifício que vai ser demolido, enquanto o que está previsto no projeto não tem nada a ver com a traça original da praça", observou.
Para quem ali vive, a Praça das Flores "é uma das melhores" de Lisboa, relatou Luís Ramos Pinto, considerando que se deve "dar voz a estas pessoas que vivem e investem diariamente no bairro".
Paralelamente a esta manifestação, que se inicia pelas 11:00, está a circular uma petição 'online' para "Salvar a Praça das Flores e a identidade de Lisboa". Pelas 17:00 eram já 1.003 as assinaturas.
No texto da petição, os signatários explicam que "em causa está, por um lado, a perda de identidade de Lisboa, ao permitir-se a demolição de um edifício que, embora anónimo, contribui para a harmonia de uma das praças mais emblemáticas da cidade e, por outro lado, a construção de um edifício dissonante, sem nenhuma relação com a cultura arquitetónica e urbanística do centro histórico onde se insere, e que prejudica fortemente a imagem da Praça das Flores".
"De referir que, apesar de todas as informações técnicas desfavoráveis, este mesmo processo tem alvará de construção emitido a 06-12-2016, estando eminente a sua demolição, já se encontrando afixado no edifício a publicidade da empresa de construção que terá a obra a seu cargo", acrescentam.
Os signatários adiantam que em meados deste mês foi apresentada uma queixa ao Ministério Público, à Provedoria da Justiça e à Ordem dos Arquitetos sobre este processo.
Segundo o texto da petição, a demolição foi aprovada pela Câmara de Lisboa a 20 de julho do ano passado, para ali nascer um projeto da autoria do arquiteto Souto Moura.
Um artigo do jornal Público de fevereiro do ano passado indica que os serviços camarários se opuseram ao projeto, enquanto a Direção-Geral do Património Cultural deu parecer favorável ao prédio envidraçado, assente numa estrutura de betão armado e de ferro.