Montenegro quis associar-se ao novo ciclo político
O anúncio público, através da agência de notícias Lusa, de que será mesmo candidato à liderança do PSD no dia da tomada de posse da nova Assembleia da República surpreendeu todos porque foi absorvido pelo acontecimentos do dia. Mas Luís Montenegro escolheu a data para ficar "simbolicamente" associado ao novo ciclo político, em que sendo eleito no dia 28 de maio, como tudo aponta, não terá lugar no Parlamento.
"A candidatura era o segredo mais mal guardado e a escolha do dia para o revelar foi para mostrar que neste novo ciclo político haverá um novo protagonista", diz ao DN uma fonte que lhe é próxima.
"Após algum tempo de reflexão pessoal e política, tomei a decisão de me candidatar a presidente do PSD", anunciou na terça-feira Luís Montenegro. O antigo líder parlamentar social-democrata disse ter tomado a decisão depois de "escutar muitos militantes, autarcas e cidadãos e após ter recebido incentivos e sugestões vindos de dentro e de fora do PSD".
Montenegro adiantou ainda a intenção de não falar publicamente antes de se dirigir diretamente aos militantes do PSD, o que acontecerá, em princípio, na próxima semana e, ao que o DN apurou, através de uma carta.
Logo a seguir, ainda durante a próxima semana, Montenegro fará a apresentação pública da candidatura e revelará os seus apoios.
"É mais fácil descobrir quem não está com ele", assegura a mesma fonte, afirmando que o antigo líder parlamentar do PSD - que enfrentou Rui Rio em diretas em 2020 (e perdeu) - conseguiu reunir um conjunto vasto de apoios no partido e "alguns serão surpresa". Ou seja, personalidades que nas eleições interna em que participou estiveram no campo oposto. Há mesmo a ideia de que a maioria das estruturas distritais sociais-democratas estarão com ele.
Apesar de todos os apoios recolhidos para a sucessão de Rui Rio, as tropas de Montenegro acreditam que ainda possa vir a ter um ou mais opositores no dia 28 de maio. Apontam a possibilidade de Pedro Rodrigues, antigo líder da JSD e ex-deputado, e de Jorge Moreira da Silva, também antigo líder da JSD e antigo deputado social-democrata, que andará ainda a fazer contactos para ver se será possível concretizar uma candidatura.
Quem comentou a candidatura de Montenegro foi outro potencial opositor. O presidente da Câmara de Aveiro disse que o anúncio da candidatura "não tem nada de novo, porque anda em campanha há muitos anos". Em declarações à Lusa, Ribau Esteves disse que a sua própria decisão de se candidatar a líder do PSD "está tomada" e deverá anunciá-la amanhã, ou no início da próxima semana. "Nessa conferência de imprensa anunciarei a minha decisão e estarei ao vosso dispor para as questões que entendam por bem colocar", frisou. Ribau Esteves disse que já esperava a candidatura do antigo líder parlamentar, porque Montenegro tem essas aspirações "há vários anos".
"Luís Montenegro está em candidatura há muitos anos e neste processo começou a ter reuniões para tratar da sua candidatura logo durante a semana a seguir às eleições legislativas de 30 de janeiro", comentou. Dizendo que Montenegro se tem desdobrado em reuniões pelo país, Ribau Esteves afirma que essa candidatura "está no terreno há anos e, nesta fase, desde a semana seguinte às eleições legislativas" e a única novidade "é a sua assunção na praça pública".