Montenegro: "António Costa já está a matar o próximo ministro da Saúde"
Luís Montenegro defendeu este domingo que "Portugal precisa de um programa de emergência social" para fazer face à escalada de preços. No discurso de encerramento da Universidade de Verão do PSD, o líder do partido considerou que o anúncio das medidas do Governo de apoio às famílias "vem muito tarde".
Mas antes disso, Montenegro acusou o primeiro-ministro de "arrogância" no caso da demissão da ministra da Saúde, Marta Temido. Tanto por ter decidido mantê-la no cargo mais umas semanas, como por ter anunciado que a política na saúde será a mesma.
"O Dr. António Costa já está a matar o próximo ministro da saúde", disse. "Se tudo vai continuar na mesma, vai continuar a haver urgências fechadas, portugueses sem médico de família, consultas adiadas...", comentou, considerando que António Costa "não tem a humildade de dizer que estes resultados devem-se a um projeto que faliu".
"O problema não era da ministra, não é da ministra. Ela até pode ter dado as suas contribuições, mas a culpa é do partido socialista", afirmou. "O maior amigo da saúde privada em Portugal é o Dr. António Costa", defendeu ainda.
O líder social-democrata repetiu uma ideia que já havia defendido em julho: "O Governo está a ganhar dinheiro com a inflação". Isto depois de já ter criticado o primeiro-ministro por ainda não ter baixado a taxa de IVA na energia. "Primeiro era a desculpa que a Europa não deixava...", comentou. "Que seja amanhã. Ao menos agora, Dr. António Costa, baixe o IVA da energia. Mas baixe agora, que é agora que as pessoas precisam", apelou.
Montenegro considerou que o anúncio das medidas do Governo de apoio às famílias que o Governo vai apresentar amanhã "vem muito tarde", numa opção que classificou de habilidosa para apenas as aplicar nos últimos três meses do ano, e sugeriu que estas são uma cópia daquilo que o PSD propõe. "Perante a passividade do Governo tivemos a ousadia de apresentar as soluções. Amanhã elas virão travestidas de outra coisa", disse.
No entanto, apesar da "roupagem diferente", o líder do PSD considerou que "a base vai ser a mesma", lamentando que o Governo não anuncie também na segunda-feira os apoios destinados às empresas.
"Há condições para que o PS faça o que acordou connosco em 2014 e baixe o IRC. Dr. António Costa, não aguarde mais 15 dias e faça-o já amanhã", apelou.
No entanto, depois de considerar que "eles andam desnorteados" e que as medidas vêm tarde, confessou um desejo: "Espero que as medidas sejam eficazes e possam ter, como as nossas têm, a possibilidade de se renovarem, se for caso disso, e se ponha ordem na casa".
"Deixem de ser notícias pelas 'gaffes' e erros permanentes dos seus membros e o primeiro-ministro que se concentre na tarefa de liderar o Governo", pediu. "Parece que já não está com grande vontade de ser primeiro-ministro, mas é, tem de fazer por merecer a confiança", afirmou.