O nível das águas no centro de Moçambique está a descer, mas em Buzi, o distrito mais afetado pelas inundações, a água levará três a quatro semanas a escoar, avançou esta quinta-feira uma fonte das operações de socorro.."O tempo de recuo da água vai ser longo, três a quatro semanas, é o tempo que vai levar até toda a água desaparecer", referiu Cláudio Julaia, especialista de emergência da Unicef (Fundo Internacional de Emergência para a Infância das Nações Unidas), envolvida nas operações de socorro na sequência da passagem do ciclone Idai por Moçambique..O ponto de situação sobre as cheias no centro de Moçambique e operações em curso foi feito por um responsável esta quinta-feira. "Ainda há terrenos que vão ficar muito tempo alagados, não há forma de contornar isso", especialmente num distrito costeiro como Buzi..O número de mortos confirmados na sequência do ciclone no centro de Moçambique subiu para 217, segundo dados oficiais divulgados no dia 21 de março..Numa conferência de imprensa na Beira, o ministro da Terra e do Planeamento Territorial, Celso Correia, disse que estavam ainda em risco, na quarta-feira, cerca de 15 mil pessoas. O governante adiantou que foram resgatadas cerca de 3.000 pessoas desde quarta-feira..Segundo Cláudio Julaia, o facto de estar na costa, faz com que, "sempre que há marés altas, haja tendência de intrusão das águas do mar para o continente e torna-se complicado fazer drenagem das águas"..As inundações vão prolongar-se por semanas, mas mantém-se a previsão de, até início da próxima semana, estarem a salvo todas as 350 mil pessoas que ficaram isoladas, em ilhas criadas pelas cheias, em zonas que perderam estradas e pontes ou, nos casos mais dramáticos, em árvores e outras estruturas..As operações dos helicópteros foram suspensas durante parte de quarta-feira devido ao mau tempo, mas a melhoria das condições prevista para os próximos dias traz melhores perspetivas para as ações humanitárias por via aérea, refere Cláudio Julaia..A Direção Nacional de Recursos Hídricos de Moçambique refere que ainda há três bacias em nível de alerta, Buzi, Púngué e Zambeze, "mas a tendência é de os níveis baixarem". Por outro lado, "não há nenhuma informação de que venha a acontecer abertura de barragens que faça crescer o nível das águas", nem sequer do Zimbabué, acrescentou..A barragem de Cahora Bassa, mais a noroeste, vai ter que reforçar descargas por estar perto de 90% da capacidade, o que deverá provocar cheias no baixo Zambeze, mas de impacto moderado, segundo as autoridades hídricas..A passagem do ciclone Idai em Moçambique, Maláui e Zimbabué provocou perto de 400 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos desde segunda-feira..O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, decretou o estado de emergência nacional na terça-feira e disse que 350 mil pessoas "estão em situação de risco". E Moçambique cumpre esta quinta-feira o segundo de três dias de luto nacional..A Cruz Vermelha Internacional indicou que pelo menos 400.000 pessoas estão desalojadas na Beira, considerando que se trata da "pior crise" do género em Moçambique..O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na passada quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.