MNE francês concede audiência à oposição da Ucrânia
"Vou oficialmente receber o senhor Klitschko no Quai d'Orsay, na quarta-feira", disse Laurent Fabius numa entrevista à televisão France 3, numa altura em que milhares de ucranianos se manifestavam em Kiev tentando forçar a demissão do Presidente Viktor Yanukovych.
"Somos a favor da assinatura de um acordo entre a Ucrânia e a União Europeia. O Presidente não quer o acordo e por isso agora os ucranianos têm de decidir", disse o responsável.
Os protestos na Ucrânia já se prolongam há mais de duas semanas, e precipitaram-se quando o Governo decidiu, inesperadamente, abandonar a assinatura de um acordo político e de livre comércio, preferindo o estreitamento de laços políticos e económicos com a Rússia.
Já hoje, o semanário 'Der Spiegel' noticiou que a chanceler alemã vai apoiar o líder da oposição da Ucrânia e campeão de boxe daquele país, Vitali Klitschko, em alternativa à recandidatura do atual presidente, Viktor Yanukovich.
De acordo com o jornal alemão, o apoio da chanceler e dos partidos mais conservadores da União Europeia vai incluir aparições públicas e encontros bilaterais com o candidato, que está radicado na Alemanha.
Ainda segundo as informações recolhidas pelo jornal, o candidato presidencial vai intervir na próxima reunião de líderes populares da Europa, que será realizada em meados deste mês, em Bruxelas, e terá uma reunião com Angela Merkel.
Cerca de 200 mil manifestantes pró-europeus estão concentrados hoje em Kiev para reclamar a demissão do presidente Ianukovitch depois de este ter rejeitado um acordo comercial com a União Europeia, optando por uma maior aproximação à Rússia.
Empunhando bandeiras da Ucrânia e da União Europeia, os opositores ao atual Governo enchem a Praça da Independência, onde foram instaladas várias tendas.
"Estamos aqui por um futuro europeu da Ucrânia para os nossos filhos e netos. Queremos que a justiça reine em todo o mundo e que o poder pare de roubar", disse um dos manifestantes, Viktor Melnitchuk, 52 anos, citado pela agência France Presse.
"Não me interesso pela polícia, mas há tantas coisas que me indignam. A última gota foi a agressão aos estudantes", disse outra manifestante, Marianna Vakhniuk, 26 anos, numa referência à dispersão violenta a 30 de novembro de uma manifestação no mesmo local, que causou numerosos feridos, principalmente estudantes.
A oposição, que reclama eleições antecipadas, espera mobilizar hoje um milhão de manifestantes.
Nos últimos dias, milhares de manifestantes têm desafiado as ordens das autoridades, cercando edifícios governamentais em protesto contra a suspensão das negociações para a assinatura de um pacto comercial e político com a União Europeia.
No sábado, a oposição ucraniana acusou o presidente Viktor Ianukovitch de planear a assinatura em breve de um acordo de adesão da Ucrânia à União Aduaneira das Antigas Repúblicas Soviéticas, liderado por Moscovo, e ignorar os protestos de milhares de manifestantes.
"De acordo com as nossas informações, o projeto de acordo sobre a parceria estratégica [com a Rússia] está pronto, mas Ianukovych não se atreveu a assiná-lo", disse à France Presse um dos líderes do partido da oposição, Arseniy Yatsenyuk, durante uma conferência de imprensa em Kiev.
Para 17 de dezembro está prevista uma reunião da comissão interestadual russo-ucraniana em Moscovo, acrescentou o líder da oposição.