Maz Riley, o filho mutante de Mazgani e Sean Riley

É uma ocasião única e acontece já hoje à noite, no palco do Musicbox, em Lisboa, que vai receber um concerto conjunto dos dois músicos, com um a interpretar a música do outro.
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Afonso Rodrigues e Shahryar Mazgani são amigos há anos, já partilharam por diversas vezes o palco, mas nunca tinham feito nada assim, de se juntarem, os dois, num único local para interpretarem, em conjunto, as músicas de um e do outro. O primeiro é mais conhecido como Sean Riley, uma espécie de alter ego musical que ganhou voz na companhia dos Slowriders e este ano se emancipou pela primeira vez a solo, enquanto o segundo, é simplesmente Mazgani, o apelido da família, de origem persa, adotado para o projeto musical, ora a solo ora em grupo, com o qual ganhou nome. Ambos, são dois dos mais talentosos escritores de canções que a música portuguesa conheceu neste início de século, vão estar hoje à noite juntos, no palco do Musicbox, em mais uma sessão Heineken Convida, um ciclo de concertos cujo objetivo é promover encontros inéditos entre dois artistas, desafiando-os a misturar estilos, linguagens musicais ou simplesmente a descobrirem-se mutuamente. O que não é propriamente o caso de Mazgani e Sean Riley, como ambos fazem questão de sublinhar ao DN, à porta do Estúdio Haus, em Santa Apolónia, no intervalo de um dos ensaios conjuntos que antecederam o espetáculo.

"A proposta foi logo apresentada assim, para sermos nós os dois e pareceu-me uma excelente ideia, até porque se pensasse em alguém para fazer algo do género, essa pessoa seria sempre o Mazgani", afirma Afonso. A seu lado, Shahryar acena com a cabeça, confirmando as palavras do amigo logo em seguida: "O sentimento é mútuo. Não só nos une uma amizade pessoal como uma enorme admiração artística e é sempre um prazer imenso estarmos juntos, que, estou certo, acabará por transparecer na forma como tocamos." E por ser "um projeto tão peculiar e único", como o classifica, "só poderia ser feito com alguém com geografias muito parecidas".

Afonso reconhece isso mesmo, que "sim, existem algumas diretrizes comuns na nossa música, apesar de cada um se expressar de modo diferente". Daí terem tentado trazer para este concerto "canções que não chocassem muito" umas com as outras. Ou seja, "deixámos de fora os pontos mais distantes dos respetivos universos e tentámos encontrar-nos mais ou menos a meio, nesse território comum aos dois, mas sempre com o cuidado de cada um trazer um bocadinho da respetiva caligrafia". Mas se o alinhamento foi escolhido a dois, já o formato do espetáculo foi uma sugestão de Mazgani. "Vai ter uma primeira parte em que vamos estar só os dois, a cantar canções nossas em conjunto, num formato mais intimista, e só depois entrará a banda, para uma segunda parte em que serão interpretadas músicas de Mazgani, de Sean Riley e dos Slowriders, em que vamos participar também os dois. O objetivo foi começar de determinada forma para chegar a determinado sítio. E isso ajudou-nos a pensar no alinhamento sem nos dispersarmos muito. Depois, cada um de nós colocou à consideração do outro as escolhas de cada repertório", explica Afonso. Por seu turno, Mazgani fala de "um entendimento muito rápido e pacífico" na hora de escolher as canções. "O Afonso tem agora um disco a solo, muito mais despojado e nesse sentido tentámos começar com esse ambiente quase a preto e branco, que está na génese da nossa música, para depois, aos poucos, irmos acrescentando decibéis", salienta.

A maior dificuldade foi mesmo "a falta de tempo para ensaiar". Quanto ao resto, "foi fácil, acima de tudo porque gostamos muito das canções um do outro", como salienta Afonso, que ainda assim se sentiu "um bocado nervoso" no primeiro ensaio, ao perceber que o companheiro "tinha feito o trabalho de casa e já sabia de cor todas as letras" das suas músicas. O resultado final disto tudo pode ser visto hoje à noite, no Musicbox, em Lisboa, num espetáculo único, mas talvez repetível um dia destes. "Para já, sim, é único, porque o convite partiu da Heineken e não me parece correto anunciar algo mais", diz Afonso, recordando, no entanto, o último concerto de Sean Riley & The Slowriders no CCB, no ano passado, no qual Mazgani também participou. "Na altura disse que em breve íamos fazer um espetáculo juntos e já muita gente me cobrou essa promessa. Somos amigos, gostamos da música um do outro e portanto é provável que continuem a acontecer mais coisas entre nós."

Mazriley

Musicbox, Lisboa. 28 de setembro, sexta-feira, 22.30. 8 euros

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