A Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) alertou esta sexta-feira para a importância de desfazer mitos relacionados com o sol para que as pessoas se possam proteger, não só na praia mas em todas as atividades ao ar livre..Em declarações à agência Lusa a propósito do arranque, no domingo, de uma campanha pelas praias de Norte a Sul do país, o presidente da APCC chamou a atenção para a necessidade de desfazer mitos como o que indica que o protetor solar impede a absorção de vitamina D.."O protetor solar, corretamente aplicado, não impede a absorção de vitamina D", afirmou Osvaldo Correia, chamando a atenção para a ação que arranca no domingo, frente à Praia da Baía, em Espinho, em que uma carrinha com profissionais mostrará como aplicar os protetores e ajudará a examinar os sinais no corpo e a identificar potenciais casos suspeitos.."Se há deficiência de vitamina D na população não é por expor a pele demasiado tempo, e muito menos à hora de almoço, que vão ter mais vitamina D. Hoje em dia a suplementação pode ser feita como nos bebés e as pessoas não devem correr riscos", afirmou..Outro das situações para que a APCC chama a atenção é para a temperatura amena, que por vezes esconde níveis de raios ultravioleta muito elevados.."Há uma confusão entre temperatura e raios ultravioleta. O país assiste hoje dias de temperaturas que não são muito altas. No norte, por exemplo, rondam os 22 a 23 graus, com ultravioletas de 8, 9 ou 10 em escala de 0 a 11", disse o presidente da APCC, alertando que nestes dias as pessoas facilitam.."As pessoas expõem-se mais, porque está mais fresco, e apanham radiação elevada. Acontece que a brisa pode ser enganadora, pois o ultravioleta está lá e queimadura surpresa aparece", disse..Além da colocação de protetor solar e da atenção a ter aos dias mais frescos, que por vezes escondem níveis muito elevados de raios ultravioleta, Osvaldo Correia alertou ainda para a necessidade de quem trabalha ao ar livre estar sempre protegido.."Não é só quando se vai à praia. É na esplanada, durante a caminhada ou corrida e quando se trabalha ao ar livre. É preciso usar vestuário adequado e ter sempre proteção", afirmou..A carrinha com dermatologistas e outros profissionais percorrerá praias de Espinho ao Algarve (Portimão e Vilamoura), passando pela Figueira da Foz, Nazaré e Sesimbra, numa ação que a APCC organiza desde 2003, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV), e que conta com o apoio da Direção-Geral da Saúde..Segundo Osvaldo Correia, a principal mensagem deste ano, que estará nos 'outdoors' e cartazes em mais de 150 municípios, tem que ver com a importância de "se saber conviver com o sol"..O uso de chapéu, óculos de sol, vestuário apropriado e de um protetor em creme ou leite, "dispensando as texturas leves e invisíveis que por vezes dificultam a perceção de onde se aplicou protetor", são alguns dos conselhos a passar nesta iniciativa, além dos alertas para a importância do autoexame.."Neste caso, o autoexame está para a proteção como a apalpação dos seios para deteção precoce de qualquer sinal de alerta para o cancro de mama", afirmou o presidente da APCC..O responsável afirmou ainda o nível de informação da população portuguesa é já elevado, mas, infelizmente, o nível de interiorização e adequação de medidas corretas de proteção adequada ao Sol é ainda insuficiente.."É preciso lembrar que os cancros de pele são os mais frequentes e, se forem detetados a tempo, podem todos ser curados", afirmou..Segundo dados da APCC, estima-se este ano o aparecimento de 13.000 novos casos de cancros da pele em Portugal, mais de 1.000 dos quais melanoma (o mais perigoso)..De acordo com uma investigação do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), em cinco anos registaram-se cerca de 90 mil cancros da pele nos hospitais públicos..Do total de cancros da pele detetados, cerca de 16 mil eram melanomas e os restantes 72 mil eram não-melanomas.