Ministro francês admite ato "inapropriado" com jornalista mas nega assédio

Michel Sapin, que tem a pasta das Finanças, tinha negado qualquer assédio. Veio depois a admitir ato inapropriado, mas é acusado de ter puxado roupa interior da jornalista
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O ministro das Finanças francês, Michel Sapin, está a ser alvo de duras críticas depois de ter admitido um "ato inapropriado" com uma jornalista, horas depois de ter afirmado que tudo não passava de uma falsidade.

Terça-feira, já ao final do dia, Sapin admitiu o erro num comunicado enviado à Agência France Presse, revelando que em janeiro de 2015, no Fórum de Davos, na Suíça, se dirigiu a uma jornalista comentando-lhe a roupa, tendo depois colocado a mão nas costas da repórter. "Não houve sexismo ou intenção agressiva na minha ação, mas o simples facto de eu ter chocado a pessoa em questão mostra que estas palavras e ações foram inapropriadas, e eu lamentei e continuo a lamentar", referiu o ministro.

A declaração representou uma inversão total na atitude de Sapin, que horas antes garantira que as acusações de que era alvo não passavam de falsidades. Porém, a versão dos acontecimentos que tem vindo a ser divulgada não corresponde, de todo, àquela que foi tornada pública pelo ministro. O incidente começou a ser falado no passado mês de abril, quando dois jornalistas franceses publicaram um livro sobre os bastidores do poder, ao qual chamaram Elysee Off.

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Stéphanie Marteau e Aziz Zemouri escrevem que a jornalista alvo dos comentários de Sapin, que estava em trabalho no Fórum Económico de Davos, se dobrou para apanhar uma caneta do chão. Nessa altura, o ministro das Finanças francês ter-lhe-á dito: "Ah, mas o que me estás a mostrar", tendo em seguida puxado o elástico da roupa interior da jornalista que, devido ao movimento, ficou exposta.

A situação já tinha sido mencionada anteriormente, sem que o governante envolvido fosse identificado, num manifesto publicado no jornal francês Libération, assinado por dezenas de jornalistas do sexo feminino que denunciavam o sexismo da classe política masculina.

Quando o livro foi publicado, Sapin desvalorizou o tema e uma porta-voz do ministro garantiu que as acusações eram "falsas e caluniosas".

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A admissão do ato "inapropriado" do governante chega dias depois de o vice-presidente da Assembleia Nacional francesa, Denis Baupin, se ter demitido após ser acusado por oito mulheres do partido ecologista, a que pertence, de assédio sexual. Sapin comentou as acusações ao deputado, considerando-as "aterradoras", mas referiu que cabe à justiça estabelecer a verdade dos factos.

com AFP

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