Que balanço faz da repartição por género na administração pública?.É a segunda vez que chego ao governo e a minha tutela é um deserto de dirigentes femininas. Já em 2005, quando fiquei com os Transportes, havia zero mulheres. Mas quando saí já eram 25%. Deixei mulheres a liderar empresas que nunca tinham tido um elemento feminino na administração. E agora é a mesma coisa. Se não tivermos uma preocupação acrescida, as mulheres nunca entram em lugares de topo, pois invoca-se sempre a ausência de experiência. Por onde passo tento ter, pelo menos, um terço de mulheres nas administrações..A mentalidade não mudou? .Não mudou nada. Ainda existe discriminação de género na maior parte das nomeações para lugares de topo, quer no público quer no privado. A tendência é nomear homens. No meu setor, as administrações são quase todas masculinas e quando não são é por razões familiares. No Estado também ainda existe domínio masculino. A lei é uma medida corretiva, uma questão de cidadania, mas temos de ir mais fundo..Como? .Vamos lançar um estudo sobre o papel das mulheres nas atividades marítimas. Sabemos que predominam na investigação, mas, em contrapartida, há meia dúzia de estivadoras e pescadoras. Faremos um primeiro diagnóstico sobre a repartição por género em cada área. Depois tentaremos perceber as causas e apresentaremos medidas corretivas, que poderão passar por programas escolares.