Milhares de pessoas manifestaram-se este domingo em Moscovo contra a falsificação de casos pela polícia russa e contra a detenção de ativistas políticos, como o caso recente do jornalista Ivan Golunov, falsamente acusado por tráfico de droga.."A sociedade exige justiça" foi o tema da manifestação, convocada pelo Partido Libertário da Rússia, em que os oradores, a partir de uma tribuna, denunciaram os numerosos casos daquilo que chamaram de "arbitrariedade policial" e que vão desde a falsificação de provas à tortura..Segundo a agência France-Presse, a manifestação de foi a mais recente de uma série de protestos desencadeados pela prisão, este mês, de Ivan Golunov, um conhecido repórter de investigação acusado de tráfico de droga, depois de a polícia ter encontrado droga na sua mochila e no seu apartamento..As acusações foram retiradas dias depois na sequência de críticas públicas e alegações de que a polícia teria estrategicamente colocado as drogas para incriminar o jornalista..A raiva por causa do tratamento dado a Ivan Golunov depressa passou para protestos sobre outros casos envolvendo jornalistas, incluindo a prisão, na semana passada, do editor de assuntos religiosos do jornal semanal independente Chernovik, Abdulmunim Gadzhiev, acusado de terrorismo..Ruslan Titov, um dos manifestantes, afirmou que o caso de Ivan Golunov não é o único do género..De acordo com a agência de notícias espanhola EFE, entre as situações mais flagrantes de arbitrariedade policial está o caso do anarquista Azat Miftajov, estudante de pós-graduação em matemática, detido em 1 de fevereiro deste ano por ser suspeito de fabricar um engenho explosivo. Miftajov denunciou ter sido detido por agentes da polícia que o torturam para que confessasse. Quatro dias depois da detenção, um juiz ordenou a sua libertação por falta de provas. Mais tarde, a 6 de fevereiro, quando saía de um centro comercial, foi novamente detido e acusado de ter participado num ataque contra um escritório do partido no poder, Rússia Unida, ocorrido em janeiro de 2018..A acusação sustenta-se nas declarações de uma testemunha que apareceu um ano depois do ocorrido, que disse ter reconhecido as "sobrancelhas expressivas" de Miftajov.."Contra a tortura e a discriminação" ou "Liberdade para Azat Miftajov" eram algumas das frases escritas em cartazes..Manifestações semelhantes aconteceram numa dezena de outras cidades russas, incluindo São Petersburgo, apesar de com menos adesão..O caso de Ivan Golunov teve como efeito uma mobilização sem precedentes contra a arbitrariedade policial na imprensa russa. Golunov disse sempre estar inocente e relacionou a perseguição policial de que era alvo com a sua atividade profissional, uma vez que já havia recebido diversas ameaças pelas suas reportagens sobre casos de corrupção..Foi libertado a 11 de junho depois de o ministro do Interior, Vladimir Kolokoltsev, reconhecer que não havia provas contra o jornalista do diário digital Medusa, um dos mais críticos do Kremlin..Depois do escândalo, o presidente russo, Vladimir Putin, demitiu dois generais da polícia..Nós últimos anos, pelo menos oito jornalistas e ativistas russos foram presos com as mesmas acusações de Golunov, entre os quais Oyub Titiev, diretor da delegação chechena da organização não-governamental Memorial, condenado a quatro anos de prisão, e que na sexta-feira ficou em liberdade condicional.