Milhares contra mais autonomia para territórios separatistas

Manifestação no centro de Kiev juntou opositores ao regime do atual presidente Volodymyr Zelensky e do seu plano de paz.
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Milhares de manifestantes reuniram-se este domingo no centro de Kiev, contestando o aumento da autonomia dos territórios separatistas pro-Rússia que poderá ser concedida como parte dos esforços de paz do presidente Volodymyr Zelensky.

Entre 4.000 e 5.000 pessoas concentraram-se na Praça Maidan, em Kiev, de acordo com a polícia, gritando "Não à capitulação! Não à amnistia!", segurando cartazes dizendo "A guerra continua" ou cantando slogans hostis ao Presidente Zelensky.

"Todos nós queremos paz, mas paz e capitulação são duas coisas diferentes. As pessoas não morreram para isso", disse à AFP Mykola, um manifestante que lutou contra os separatistas entre 2014 e 2015.

"Reservamo-nos o direito de continuar a luta", advertiu, pelo seu lado, um dos comandantes do Batalhão de Voluntários Aidar, uma unidade controversa acusada de crimes de guerra pela Amnistia Internacional.

O processo de paz no leste da Ucrânia, onde forças ucranianas e pró-russas se opõem numa guerra que matou quase 13.000 pessoas desde 2014, viu alguns progressos nos últimos meses.

A eleição, em abril, do Presidente Zelensky, um ator e comediante, novo na política, permitiu o reinício do diálogo com a Rússia, o que levou a uma grande troca de prisioneiros em setembro.

Uma delegação ucraniana rubricou na terça-feira um documento que trata da futura autonomia das regiões rebeldes, um assunto explosivo na Ucrânia e considerado uma concessão inaceitável, inclusive por nacionalistas e organizações paramilitares.

O conflito no leste da Ucrânia está, em grande parte, congelado desde a assinatura de acordos de paz em Minsk, em 2015, apesar dos surtos de violência esporádica.

A componente política desses acordos, que inclui um estatuto especial para territórios rebeldes, nunca foi aplicada.

Esse estatuto especial poderá ser objeto de negociações numa próxima cimeira entre os presidentes ucraniano e russo, mediada por Paris e Berlim, mas este encontro, inicialmente previsto para setembro, ainda não tem data anunciada.

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