Mil operários em frente à sede da Peugeot-Citroën
O grupo automóvel Peugeot-Citroën detalha hoje o seu "plano social", que inclui uma redução de 8.000 postos de trabalho em França.
A empresa já divulgou hoje de manhã que teve prejuízos de mais de 800 milhões de euros no primeiro semestre de 2012.
Na rua, os sindicatos, dão à "guerra" que declararam à empresa forma de festa.
Desde as 08:00 (07:00 em Lisboa) que a porta da sede do grupo na capital francesa, próxima do Arco do Triunfo, recebe operários e delegados sindicais, vindos de várias fábricas e pontos do país. "s 10:30 continuavam a chegar pessoas.
Entre quem apita, toca tambor, agita bandeiras e cartazes, há quem venha porque vai perder o emprego, mas também quem venha por solidariedade.
Martie Rennier, funcionário numa fábrica em Valenciennes, no norte do país, tem 39 anos e é operário do grupo há 15. "Estamos aqui pela defesa do emprego, para dizer não à supressão dos postos de trabalho", disse à Lusa.
"O encerramento da fábrica de Aulnay é apenas uma parte do plano. A redução de 8.000 postos de trabalho não contabiliza o impacto do encerramento nas empresas que prestam serviços ao grupo", argumenta.
"Não ao encerramento da PSA de Aulnay. Os acionistas pilham as nossas riquezas!", lê-se num dos cartazes.
Uma faixa de pano colada numa ampla montra de vidro da sede sublinha: "Não ao encerramento da PSA de Aulnay".
Guy-Pierre Martin, 49 anos, veio dos arredores de Paris. É técnico superior no centro de estudos da Peugeot-Citroën em Vélizy-Meudon.
"O meu emprego não está em causa, mas vim representar todos os operários, independentemente da filial em que trabalhem, independentemente do posto que tenham", afirmou.
Até porque, acrescentou, "haverá posteriormente um efeito dominó". Este assalariado considera que com esta decisão, e com outras semelhantes que ele acredita que vão seguir-se, "o conhecimento técnico, especializado, vai desaparecer gradualmente, e esta decisão também terá impacto na saúde da economia do país".
Também M. Gilbert, de 42 anos, operário numa fábrica na Normandia, a 250 quilómetros de Paris e quase a meio caminho entre a fábrica que agora encerra e a que vai sofrer uma redução significativa da produção (menos 1400 postos de trabalho), veio "por solidariedade" e por acreditar que o plano que a empresa hoje detalha não vai afetar apenas quem for despedido.
Os manifestantes aguardam agora a saída da sede da Peugeot-Citroën dos principais dirigentes sindicais da assembleia-geral extraordinária convocada pela empresa.
O maior fabricante de automóveis de França -- e o segundo maior da Europa -- anunciou, no dia 12 de julho, que vai cortar 8.000 postos de trabalho no país e fechar, em 2014, a unidade de produção a 30 quilómetros a norte de Paris, onde trabalham mais de 3.000 pessoas, incluindo pouco mais de 300 portugueses ou lusodescendentes.
Hoje, a empresa deve detalhar o "projeto de reorganização das atividades industriais e de redução de efetivos" que anunciou há duas semanas. Deste plano faz ainda parte um abrandamento da atividade da fábrica do grupo em Rennes, no noroeste de França.
O Governo francês apresenta hoje um plano de ajuda para o setor automóvel que, segundo a AFP, prevê um reforço dos apoios financeiros aos carros "limpos", dando um "bónus ecológico" aos veículos elétricos de 5 mil a 7 mil euros e de 2 mil a 4 mil euros para os híbridos.
Em França, o setor automóvel dava, em 2010, emprego direto e indireto a 2,36 milhões de pessoas, ou seja, 9 por cento da população ativa.