As autoridades gregas dispararam gás lacrimogéneo e granadas de atordoamento para afastar os migrantes que tentaram forçar a passagem da fronteira da Turquia, entre Kastanies (Grécia) e Pazarkule (Turquia). Ancara disse que os tiros do lado grego mataram uma pessoa e feriram outras cinco, uma acusação que o governo grego classificou como fake news..O porta-voz do governo helénico, Stelios Petsas, negou que quaisquer migrantes tivessem sido feridos ou mortos pelas autoridades gregas. "O lado turco cria e propaga notícias falsas contra a Grécia. Hoje criaram mais uma falsidade como essa", disse..O governador da província de Edirne, Ekrem Canalp, disse que um migrante foi morto e outros cinco feridos em resultado do disparo de munições reais em migrantes atingidos entre os postos fronteiriços de Pazarkule e Kastanies..O chefe do serviço de urgência do Hospital Universitário Trakya, em Edirne, Burak Sayhan, disse que seis pessoas deram entrada, incluindo uma que estava morta..Do lado grego, jornalistas ouviram o que pareceu ser um tiroteio, embora não estivesse claro se se tratava de munições reais, e do lado turco viram pelo menos quatro ambulâncias a deixar a área..Já as autoridades gregas acusaram a polícia turca de disparar gás lacrimogéneo contra as autoridades gregas, e apresentaram vídeos a comprová-lo..Os migrantes que conseguem passar a fronteira são detidos e devolvidos ao lado turco da fronteira e disseram que as autoridades turcas instruíram-nos a ir para a Grécia..Segundo a Associated Press, a maioria dos migrantes e refugiados que se acumularam junto à fronteira são oriundos do Afeganistão. Muitos chegaram de Istambul em autocarros, camionetas, automóveis e até táxis que os transportaram de forma gratuita até à fronteira..O presidente turco, por sua vez, acusou a Grécia de maltratar refugiados. "Os gregos que tentam todos os tipos de métodos para manter os refugiados longe do seu país, desde afogá-los no mar a disparar contra eles com balas, não devem esquecer que um dia podem precisar de ter a mesma misericórdia.".Rivalidade milenar.A rivalidade greco-turca é um dos conflitos mais antigos e duradouros entre países vizinhos no mundo inteiro. É crença generalizada em ambos os países que o conflito é permanente, com a origem a datar de 1071, na batalha de Manziquerta, entre bizantinos e seljúcidas, embora haja quem creia que tenha sido muito antes, na lendária batalha de Troia..As tensões entre a Turquia e a Grécia remontam ao Império Otomano, quando a Grécia lutou e conquistou a independência, no século XIX. Nas últimas décadas agudizaram-se quando a ilha de Chipre ficou dividida entre gregos e turcos, na sequência da invasão do norte da ilha pela Turquia em 1974, em resposta a um golpe militar apoiado por Atenas..Um segundo conflito de interesses é a disputa no mar Egeu, que inclui pelo menos seis litígios..Em 1996, os dois Estados, parceiros da Aliança Atlântica, estiveram à beira da guerra devido a uma disputa à volta de ilhotas desabitadas e que envolveu um acidente entre navios da guarda costeira. Na altura os EUA foram o mediador..A partir de meados de 1999, as relações entraram em distensão e houve várias tentativas para resolver as divergências, mas pouco resultou desses esforços. Nos últimos anos as relações voltaram a complicar-se..Em 2016, oito militares turcos exilaram-se na Grécia após o golpe falhado e Atenas recusou extraditá-los. Em 2018, dois guardas gregos foram detidos em território turco, acusados de espionagem. A partir daí sucederam-se pequenos episódios, como o helicóptero que transportava o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras ter sido "assediado" por dois aviões de caça turcos..Medo mútuo do expansionismo."A demonização e as perceções de ameaças são generalizadas" de parte a parte, explica Alexis Heraclides, autor do livro The Greek-Turkish Conflict in the Aegean: Imagined Enemies.."Com base na sua história imaginada e identidade escolhida, os gregos (na sua grande maioria) estão convencidos de que a Turquia está desde 1974 (a partir da enorme crise de Chipre) no auge do "neo-otomanismo" e do expansionismo: dividir o Egeu em duas partes e "enclausurar" as ilhas gregas orientais, apoderar-se da Trácia grega, se houver oportunidade, e controlar Chipre na totalidade", escreve num ensaio de 2011.."Os turcos, por sua vez, acreditam que a Grécia é influenciada (desde meados dos anos 1950) pela irredentista megali idea (grande ideia) do período de 1850-1922 (cujo objetivo declarado era conquistar o maior número possível de territórios otomanos), embora Atenas agora caminhe com mais cuidado, não de frente, mas usando um estratagema legalista cuidadoso, seja no Egeu (para tornar o país um 'lago grego') ou em relação a Chipre (união com a Grécia até 1974, 'união indireta' através da União Europeia a partir de meados da década de 1990)", explica o professor de Relações Internacionais..UE em uníssono contra Erdogan.O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, disse no Senado francês que "a pressão migratória está às portas da Europa... Essa pressão migratória está a ser organizada pelo regime do presidente Erdogan para chantagear a União Europeia. A UE não vai ceder à chantagem"..O grupo de Visegrado, constituído por República Checa, Hungria, Polónia e Eslováquia, comprometeu-se a ajudar a Grécia a lidar com a pressão ao longo da fronteira. Nos últimos anos, os quatro países têm mantido uma posição dura contra os migrantes e rejeitaram um plano da UE para redistribuir refugiados nos Estados membros..O líder do Conselho Europeu, Charles Michel, reuniu-se com o presidente Erdogan em Ancara, enquanto o líder da diplomacia da UE, Josep Borrell, e o comissário para a Gestão de Crises, Janez Lenarcic, mantiveram conversações com o vice-presidente turco, Fuat Oktay..Erdogan acusara os países da UE de comportamento hipócrita, porque acorreram em auxílio da Grécia "com dinheiro, barcos e soldados" para evitar um novo fluxo de migrantes, mas ignoraram a situação da Turquia em relação a 3,7 milhões de refugiados sírios em seu território..Após a reunião com Erdogan, Borrell disse que a situação na fronteira com a Grécia era inaceitável e que a delegação da UE pediu à Turquia que "não encoraje a continuação do movimento de refugiados e migrantes em direção às fronteiras da UE".."Tivemos a oportunidade de expressar a nossa compreensão da difícil situação que a Turquia enfrenta atualmente, mas também salientámos que os atuais desenvolvimentos nas fronteiras europeias não levam a qualquer solução", disse. O diplomata espanhol adiantou que Ancara negou estar a incentivar as pessoas a deslocarem-se para a fronteira..As autoridades gregas disseram que havia cerca de 15 mil pessoas ao longo da fronteira terrestre greco-turca na quarta-feira, tendo bloqueado 27 832 tentativas de atravessar a fronteira entre a manhã de sábado e a manhã de quarta-feira. As 220 pessoas que conseguiram atravessar a fronteira foram detidas..Rússia critica Turquia na véspera de encontro.O anúncio da Turquia de que a sua fronteira com a Europa estava aberta surgiu na sequência de uma ofensiva do governo sírio apoiada pela Rússia na província de Idlib, a noroeste da Síria, onde as tropas turcas estão a combater. Neste momento, segundo escreve na RT um coronel russo na reserva, Mikhail Khodarenok, estão 4700 soldados turcos na província síria de Idlib..Na véspera da aguardada reunião em Moscovo entre Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan, a Rússia acusou a Turquia de não cumprir as obrigações decorrentes do pacto para criar uma zona desmilitarizada na província de Idlib, na Síria, e, pelo contrário, ajudar os jihadistas..Um porta-voz do Ministério da Defesa russo disse à agência RIA que as bases "terroristas" fundiram-se com postos avançados turcos em Idlib, no que tem resultado em ataques diários à base aérea russa em Hmeimim..Por outro lado, a Turquia reuniu em Idlib um número de tropas igual a uma divisão mecanizada, no que constitui uma violação do direito internacional, disse o porta-voz russo..A Rússia, principal aliado militar de Damasco, acusou ainda a Turquia de tentar levar 130 mil refugiados da Síria para a Grécia, segundo a Interfax. Segundo a mesma fonte, dois terços desses refugiados - que a Turquia estará a expulsar dos campos de refugiados na Síria - são afegãos, iraquianos e africanos, mas não sírios..Da reunião entre os dois líderes a expectativa é que se desanuvie o ambiente, após os ataques imputados ao Exército sírio e que mataram 34 soldados turcos e à retaliação das poderosas forças armadas turcas, que mataram quase 200 soldados sírios, feriram 300 e destruíram aviões, tanques e morteiros, entre outro equipamento..Mas nenhum analista arrisca uma solução, até porque Putin e Erdogan raramente recuam e, a acreditar no editor do MiddleEastEye David Hearst, no telefonema prévio à reunião, Erdogan disse a Putin para dar ordem de retirada às tropas russas e Putin respondeu ao homólogo na mesma moeda.
As autoridades gregas dispararam gás lacrimogéneo e granadas de atordoamento para afastar os migrantes que tentaram forçar a passagem da fronteira da Turquia, entre Kastanies (Grécia) e Pazarkule (Turquia). Ancara disse que os tiros do lado grego mataram uma pessoa e feriram outras cinco, uma acusação que o governo grego classificou como fake news..O porta-voz do governo helénico, Stelios Petsas, negou que quaisquer migrantes tivessem sido feridos ou mortos pelas autoridades gregas. "O lado turco cria e propaga notícias falsas contra a Grécia. Hoje criaram mais uma falsidade como essa", disse..O governador da província de Edirne, Ekrem Canalp, disse que um migrante foi morto e outros cinco feridos em resultado do disparo de munições reais em migrantes atingidos entre os postos fronteiriços de Pazarkule e Kastanies..O chefe do serviço de urgência do Hospital Universitário Trakya, em Edirne, Burak Sayhan, disse que seis pessoas deram entrada, incluindo uma que estava morta..Do lado grego, jornalistas ouviram o que pareceu ser um tiroteio, embora não estivesse claro se se tratava de munições reais, e do lado turco viram pelo menos quatro ambulâncias a deixar a área..Já as autoridades gregas acusaram a polícia turca de disparar gás lacrimogéneo contra as autoridades gregas, e apresentaram vídeos a comprová-lo..Os migrantes que conseguem passar a fronteira são detidos e devolvidos ao lado turco da fronteira e disseram que as autoridades turcas instruíram-nos a ir para a Grécia..Segundo a Associated Press, a maioria dos migrantes e refugiados que se acumularam junto à fronteira são oriundos do Afeganistão. Muitos chegaram de Istambul em autocarros, camionetas, automóveis e até táxis que os transportaram de forma gratuita até à fronteira..O presidente turco, por sua vez, acusou a Grécia de maltratar refugiados. "Os gregos que tentam todos os tipos de métodos para manter os refugiados longe do seu país, desde afogá-los no mar a disparar contra eles com balas, não devem esquecer que um dia podem precisar de ter a mesma misericórdia.".Rivalidade milenar.A rivalidade greco-turca é um dos conflitos mais antigos e duradouros entre países vizinhos no mundo inteiro. É crença generalizada em ambos os países que o conflito é permanente, com a origem a datar de 1071, na batalha de Manziquerta, entre bizantinos e seljúcidas, embora haja quem creia que tenha sido muito antes, na lendária batalha de Troia..As tensões entre a Turquia e a Grécia remontam ao Império Otomano, quando a Grécia lutou e conquistou a independência, no século XIX. Nas últimas décadas agudizaram-se quando a ilha de Chipre ficou dividida entre gregos e turcos, na sequência da invasão do norte da ilha pela Turquia em 1974, em resposta a um golpe militar apoiado por Atenas..Um segundo conflito de interesses é a disputa no mar Egeu, que inclui pelo menos seis litígios..Em 1996, os dois Estados, parceiros da Aliança Atlântica, estiveram à beira da guerra devido a uma disputa à volta de ilhotas desabitadas e que envolveu um acidente entre navios da guarda costeira. Na altura os EUA foram o mediador..A partir de meados de 1999, as relações entraram em distensão e houve várias tentativas para resolver as divergências, mas pouco resultou desses esforços. Nos últimos anos as relações voltaram a complicar-se..Em 2016, oito militares turcos exilaram-se na Grécia após o golpe falhado e Atenas recusou extraditá-los. Em 2018, dois guardas gregos foram detidos em território turco, acusados de espionagem. A partir daí sucederam-se pequenos episódios, como o helicóptero que transportava o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras ter sido "assediado" por dois aviões de caça turcos..Medo mútuo do expansionismo."A demonização e as perceções de ameaças são generalizadas" de parte a parte, explica Alexis Heraclides, autor do livro The Greek-Turkish Conflict in the Aegean: Imagined Enemies.."Com base na sua história imaginada e identidade escolhida, os gregos (na sua grande maioria) estão convencidos de que a Turquia está desde 1974 (a partir da enorme crise de Chipre) no auge do "neo-otomanismo" e do expansionismo: dividir o Egeu em duas partes e "enclausurar" as ilhas gregas orientais, apoderar-se da Trácia grega, se houver oportunidade, e controlar Chipre na totalidade", escreve num ensaio de 2011.."Os turcos, por sua vez, acreditam que a Grécia é influenciada (desde meados dos anos 1950) pela irredentista megali idea (grande ideia) do período de 1850-1922 (cujo objetivo declarado era conquistar o maior número possível de territórios otomanos), embora Atenas agora caminhe com mais cuidado, não de frente, mas usando um estratagema legalista cuidadoso, seja no Egeu (para tornar o país um 'lago grego') ou em relação a Chipre (união com a Grécia até 1974, 'união indireta' através da União Europeia a partir de meados da década de 1990)", explica o professor de Relações Internacionais..UE em uníssono contra Erdogan.O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, disse no Senado francês que "a pressão migratória está às portas da Europa... Essa pressão migratória está a ser organizada pelo regime do presidente Erdogan para chantagear a União Europeia. A UE não vai ceder à chantagem"..O grupo de Visegrado, constituído por República Checa, Hungria, Polónia e Eslováquia, comprometeu-se a ajudar a Grécia a lidar com a pressão ao longo da fronteira. Nos últimos anos, os quatro países têm mantido uma posição dura contra os migrantes e rejeitaram um plano da UE para redistribuir refugiados nos Estados membros..O líder do Conselho Europeu, Charles Michel, reuniu-se com o presidente Erdogan em Ancara, enquanto o líder da diplomacia da UE, Josep Borrell, e o comissário para a Gestão de Crises, Janez Lenarcic, mantiveram conversações com o vice-presidente turco, Fuat Oktay..Erdogan acusara os países da UE de comportamento hipócrita, porque acorreram em auxílio da Grécia "com dinheiro, barcos e soldados" para evitar um novo fluxo de migrantes, mas ignoraram a situação da Turquia em relação a 3,7 milhões de refugiados sírios em seu território..Após a reunião com Erdogan, Borrell disse que a situação na fronteira com a Grécia era inaceitável e que a delegação da UE pediu à Turquia que "não encoraje a continuação do movimento de refugiados e migrantes em direção às fronteiras da UE".."Tivemos a oportunidade de expressar a nossa compreensão da difícil situação que a Turquia enfrenta atualmente, mas também salientámos que os atuais desenvolvimentos nas fronteiras europeias não levam a qualquer solução", disse. O diplomata espanhol adiantou que Ancara negou estar a incentivar as pessoas a deslocarem-se para a fronteira..As autoridades gregas disseram que havia cerca de 15 mil pessoas ao longo da fronteira terrestre greco-turca na quarta-feira, tendo bloqueado 27 832 tentativas de atravessar a fronteira entre a manhã de sábado e a manhã de quarta-feira. As 220 pessoas que conseguiram atravessar a fronteira foram detidas..Rússia critica Turquia na véspera de encontro.O anúncio da Turquia de que a sua fronteira com a Europa estava aberta surgiu na sequência de uma ofensiva do governo sírio apoiada pela Rússia na província de Idlib, a noroeste da Síria, onde as tropas turcas estão a combater. Neste momento, segundo escreve na RT um coronel russo na reserva, Mikhail Khodarenok, estão 4700 soldados turcos na província síria de Idlib..Na véspera da aguardada reunião em Moscovo entre Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan, a Rússia acusou a Turquia de não cumprir as obrigações decorrentes do pacto para criar uma zona desmilitarizada na província de Idlib, na Síria, e, pelo contrário, ajudar os jihadistas..Um porta-voz do Ministério da Defesa russo disse à agência RIA que as bases "terroristas" fundiram-se com postos avançados turcos em Idlib, no que tem resultado em ataques diários à base aérea russa em Hmeimim..Por outro lado, a Turquia reuniu em Idlib um número de tropas igual a uma divisão mecanizada, no que constitui uma violação do direito internacional, disse o porta-voz russo..A Rússia, principal aliado militar de Damasco, acusou ainda a Turquia de tentar levar 130 mil refugiados da Síria para a Grécia, segundo a Interfax. Segundo a mesma fonte, dois terços desses refugiados - que a Turquia estará a expulsar dos campos de refugiados na Síria - são afegãos, iraquianos e africanos, mas não sírios..Da reunião entre os dois líderes a expectativa é que se desanuvie o ambiente, após os ataques imputados ao Exército sírio e que mataram 34 soldados turcos e à retaliação das poderosas forças armadas turcas, que mataram quase 200 soldados sírios, feriram 300 e destruíram aviões, tanques e morteiros, entre outro equipamento..Mas nenhum analista arrisca uma solução, até porque Putin e Erdogan raramente recuam e, a acreditar no editor do MiddleEastEye David Hearst, no telefonema prévio à reunião, Erdogan disse a Putin para dar ordem de retirada às tropas russas e Putin respondeu ao homólogo na mesma moeda.