Mesmo que ficassem em casa, Os Cinco nunca perdiam uma aventura

Quase oito décadas depois de a escritora inglesa Enid Blyton ter publicado a primeira aventura d'Os Cinco, ela chega novamente às livrarias, agora em formato banda desenhada. Como não podia deixar de ser, esta nova coleção começa com Os Cinco e a Ilha do Tesouro, onde quem ainda desconhece do que consta esta série de livros que têm sido sucessivamente reeditados pode perceber logo do que se trata: quatro jovens e um cão que se envolvem em aventuras constantes..Os Cinco são: Júlio (Julian, na versão original), que é o mais ajuizado, Ana (Anne), a mais medrosa, David (Dick), um aventureiro, Zé (Georgina), a típica maria-rapaz, e Tim (Timmy), um cão que os vai salvar várias vezes das aventuras em que se metem. É a Zé a personagem que recebe os três primos quando estes vão passar umas férias em casa dos seus pais, onde, como seria inevitável, têm uma primeira aventura. Que mete uma ilha e um antigo navio afundado, que uma tempestade faz voltar à superfície, e fornece aos cinco uma experiência que jamais irão esquecer..O sucesso desta primeira aventura vai obrigar a autora a prolongar a série d'Os Cinco por mais vinte livros e criar outras, como Os Sete, As Gémeas ou O Colégio das Quatro Torres, mesmo que fossem Os Cinco a leitura mais apetecível e com maior êxito, à exceção do boneco Noddy..A razão era simples, qualquer jovem leitor imaginava-se capaz de viver o mesmo que o Júlio, o David, a Ana e a Zé, principalmente se fosse da idade deles. Claro que nesta altura de quarentena em que vivemos ninguém pode fazer mais do que ler e sonhar com aventuras dentro de casa, mesmo que essa situação também tenha acontecido às personagens de Enid Blyton, afinal o pai da Zé era useiro e vezeiro em proibir o quinteto de sair de casa. Nada que os impedisse de se divertirem..As aventuras d'Os Cinco repetem-se depois do primeiro encontro e os quatro e o cão vão estar sempre juntos nas férias - como as férias da Páscoa agora antecipadas. E de cada vez há sempre uns malfeitores que eles apanham, a descoberta de um tesouro e de passagens secretas, tudo isto nos cenários campestres da região inglesa de Dorset ou noutros locais para onde Os Cinco vão passar as férias. Há coisas, no entanto, que não falham - inúmeros piqueniques, mergulhos nas praias, passeios de bicicleta..O sucesso das aventuras d'Os Cinco foi tão grande que ainda hoje se vendem cerca de dois milhões de exemplares todos os anos - já se venderam mais de cem milhões de livros -, daí que as histórias de Enid Blyton tenham tido adaptações cinematográficas e para televisão, jogos e peças de teatro..Agora é a vez de serem publicadas em banda desenhada de forma oficial. Além de Os Cinco e a Ilha do Tesouro, já está também disponível Os Cinco e a Passagem Secreta, ambos de autoria da dupla Béja e Nataël..A recriação em banda desenhada está imbuída do espírito que os leitores de há muitos anos ainda se lembrarão e logo nas primeiras pranchas de Os Cinco e a Ilha do Tesouro é explicado o mau feitio da Zé e, mesmo a calhar para estes tempos de grandes debates sobre o género e a sexualidade, a sua reiterada atitude masculinizada..Também a existência constante de situações que Enid Blyton colocava, como a de ladrões e malfeitores, perseguições e até sequestros das crianças, foram suavizadas e adaptadas à atualidade. Nada que noutros tempos assustasse os jovens leitores e que agora se tornassem politicamente pouco corretas..As duas primeiras aventuras mantêm o ritmo que Enid Blyton impunha em cada livro e a adaptação das personagens e das situações está perfeita, o que nestes dias em que pais e filhos podem partilhar uma mesma leitura seria fundamental. Talvez até aconteça que uns voltem a ir buscar as antigas edições e ponham os outros a ler livros..Os Cinco e a Ilha do Tesouro.Os Cinco e a Passagem Secreta.de Enid Blyton.Autores da adaptação para banda desenhada: Béja e Nataël Editora Oficina do Livro 32 páginas

Mesmo que ficassem em casa, Os Cinco nunca perdiam uma aventura

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