Triunfo dos croissants movimenta mais de 700 mil euros/mês

Em cada uma das 350 confeitarias do Porto são vendidos, diariamente, cerca de 100 croissants a um preço médio de 70 cêntimos, o que significa que esta microeconomia regional movimenta mais de 700 mil euros por mês na cidade.
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No Porto, descobrem-se confeitarias em todas as ruas e em cada esquina. Cada estabelecimento tem a sua própria receita de croissant, que pode ser do tipo de massa folhada (tipo francês) ou massa brioche mais ou menos amanteigado. Cada cliente tem o seu croissant predileto, fazendo questão de o comprar na confeitaria de eleição.

Qual é o melhor croissant da cidade é uma discussão infindável e que depende do gosto de cada um, mas a verdade é que este pão doce sobrevive à crise e contribui com mais de oito milhões de euros anuais para a economia da cidade.

Dados da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APHORT) indicam que há 350 estabelecimentos no Porto a usar a denominação de "Confeitarias", disse à Lusa Rodrigo Pinto de Barros, presidente daquela associação, explicando que a "tradição" deste negócio apetitoso "ajuda a movimentar a economia local", porque o povo português é muito doceiro.

O Instituto Nacional de Estatística (INE), através do Turismo do Porto e Norte de Portugal, indica que no Grande Porto (NUT III Norte), há "541 pastelarias e casas de chá".

A agência Lusa contactou dezenas de confeitarias do Porto e todas confirmaram que vendiam uma média de 100 croissants por dia, algumas até chegam às 350 unidades/dia, outras ficam-se pelas 80 unidades, mas todas admitiram que o croissant é um dos produtos mais vendáveis.

"Eu trabalhei em Paris, que é a terra do croissant, e vendem-se mais croissants aqui, na cidade do Porto, do que lá", conta o padeiro da Padaria Ribeiro José Azevedo, 49 anos de idade, recordando que enquanto os franceses comem a iguaria ao pequeno-almoço, no Porto comem a "toda a hora", seja simples, recheados ou mistos.

Isabel Gonçalves, 35 anos e pasteleira desde os 16 na centenária Padaria Ribeiro, conta à Lusa que todos os dias são confecionados "200 croissants", mas aos sábados saem 350 e aos domingos 300.

Ilídio Pinto, 75 anos, e o fundador há 40 anos da Confeitaria Petúlia, conta que no seu estabelecimento são vendidos mais de 100 croissants por dia, considerando esse número de vendas "uma saída bastante grande".

"Saem diversas vezes ao dia e a partir das 08:00 já temos o produto para os clientes usufruírem de um croissant quente", informa, acrescentando que os apreciadores comem a guloseima simples, com queijo e fiambre, ou simplesmente tostada e barrada com manteiga.

O triunfo do croissant no Porto deve-se a um "produto de boa qualidade", defende Ilídio Pinto, admitindo que na cidade todas as confeitarias oferecem croissants de qualidade.

Na Confeitaria Suave, que existe vai para 60 anos na Rua de Cedofeita, já se chegaram a vender 400 croissants por dia, mas hoje, com a crise instalada, as vendas baixaram para os 90 croissants. Cada unidade custa cada 75 cêntimos, apenas mais 10 cêntimos que o café expresso.

Na Confeitaria Aliança, também localizada há mais de meio século na rua de Cedofeita, a venda diária situa-se nos 100 croissants. Há clientes que foram viver para Lisboa que chegam a levar às "dúzias" para os amigos da capital, conta o proprietário Manuel Marinho.

"Já houve tempos em que um cliente que foi para Lisboa viver levava uma centena de croissants quando vinha ao Porto", recordou Manuel Marinho, referindo que o segredo do sucesso são "as mãozinhas cheias de amor", além da técnica na confeção e da levedura.

Na Confeitaria do Bolhão são vendidos, diariamente, mais de 150 croissants, a 65 cêntimos cada. Os meses de julho e agosto são os meses mais fortes para vender o produto, por causa dos turistas, revela Rui Madureira, pasteleiro, crente que a chave do sucesso para vender tantos croissants é o "carinho" que coloca na massa.

Na Confeitaria Arcádia, com oito lojas no Grande Porto, são vendidos por dia mais de 300 croissants a 1,20 euros cada.

O croissant continua a triunfar nas vitrinas da "Itaipú", junto à Reitoria da Universidade do Porto, "Padeirinha Doce", perto da Batalha, "S. Remo" na Avenida da Boavista, "Cunha" da Sá da Bandeira, "Oporto" ou na Pastelaria Valedoce, onde a média de vendas, por dia, também é na ordem da centena.

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