Merkel pede à Europa que defenda os valores da democracia e da liberdade
A chanceler alemã, Angela Merkel, exortou este sábado a Europa a defender os valores fundamentais da "democracia e liberdade" durante as comemorações do 30.º aniversário da queda do Muro de Berlim.
"Os valores subjacentes à Europa, liberdade, democracia, igualdade, Estado de direito e preservação dos Direitos Humanos não são óbvios" e "devem ser sempre defendidos", disse Merkel na Capela da Reconciliação, um dos locais de memória da divisão, com um muro, da cidade de Berlim, que durou desde agosto de 1961 a 9 de novembro de 1989, separando o lado democrático do lado comunista.
"No futuro é necessário que se empenhem" para defender os valores da Europa, disse Merkel na ocasião, considerando que o modelo de democracia liberal é cada vez mais posto em causa no mundo, mas também em certa medida no continente europeu.
Alguns países da Europa Oriental, como Hungria ou Polónia, pioneiros na luta contra a ditadura comunista na década de 1980, são atualmente acusados pela União Europeia de não respeitarem totalmente as regras do Estado de direito.
O chefe de Estado alemão, Frank-Walter Steinmeier, na intervenção que fez e onde estavam presentes os presidentes da Polónia, Hungria, República Checa e Eslováquia, quatro países que estiveram sob regimes comunistas e depois envolvidos no fim da "cortina de ferro", disse que "a democracia liberal está a ser contestada e posta em causa".
"O 9 de novembro recorda-nos que é preciso lutar contra o ódio, racismo e o antissemitismo", disse ainda Steinmeie na cerimónia de comemoração da queda do Muro de Berlim, que na Alemanha coincide com a Noite de Cristal de 1938, na qual as sinagogas neste país europeu foram queimadas pelos nazis.
A queda do Muro de Berlim deu-se depois de uma 'revolução pacífica' e as imagens dos alemães ocidentais e orientais exultando de alegria e abraçando-se circularam por todo o mundo.
A Alemanha lembra este sábado os 30 anos da queda do muro com diversas iniciativas. A nível político, o Presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, recebeu em Berlim os seus homólogos da Polónia, República Checa, Eslováquia e Hungria, para comemorar a queda do muro e "a contribuição dos Estados da Europa central para a revolução pacífica" na ex-República Democrática Alemã, segundo anunciou recentemente a Presidência alemã.
As Portas de Brandemburgo - símbolo de divisão histórica da Alemanha, que se tornou símbolo de liberdade - é o palco do epicentro das comemorações dos 30 anos da queda do muro de Berlim, com um espetáculo multimédia que recorda os eventos do dia 09 de novembro de 1989.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, e o dos Estados Unidos, Donald Trump, saudaram a "coragem" dos alemães que levou à queda do muro de Berlim que pôs fim à Guerra Fria e possibilitou a reunificação alemã.
Emmanuel Macron, que se deslocará a Berlim neste domingo, fez eco da proposta da chancelaria alemã e prestou homenagem aos manifestantes da Alemanha de Leste que fizeram cair o muro.
"Há 30 anos, o Muro de Berlim não caiu. Ele foi abatido pela coragem de milhares de mulheres e homens apaixonados pela liberdade. Abriram a via da reunificação da Alemanha e da unidade da Europa. Estejamos à altura da sua coragem e sejamos dignos da sua promessa", escreveu o Presidente francês na rede social Twitter, numa mensagem em francês e alemão.
Já Donald Trump, numa nota no site da Casa Branca, escreveu que "neste dia em 1989, homens e mulheres corajosos da Alemanha Oriental e Ocidental uniram-se para derrubar um muro que permaneceu ereto como um símbolo de opressão e de socialismo falhado por mais de um quarto de século".
"A Guerra Fria terminou há muito tempo, mas os regimes tirânicos no mundo continuam a utilizar as táticas de opressão do totalitarismo soviético que lançaram uma sombra duradoura sobre a História", escreveu ainda.
Apesar das relações entre os Estados Unidos e a Alemanha atravessarem um período complicado depois da chegada de Donald Trump à presidência norte-americana, Washington saudou hoje o seu aliado na NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte).