A chanceler alemã, Angela Merkel, avisou a Alemanha de que os próximos meses vão ser "muito difíceis", já que o número de infeções por covid-19 continua a crescer diariamente, tendo-se registado 8.685 nas últimas 24 horas.."Vamos ter meses muito, muito difíceis pela frente", alertou Merkel no domingo à tarde, numa conferência interna com os chefes do grupo parlamentar conservador dos estados federais, segundo a edição desta segunda-feira do jornal Bild..A chanceler também admitiu estar preocupada com o encontro de dia 30 entre as autoridades regionais e disse não ter "um pressentimento muito bom".."Isto não pode continuar assim", considerou, referindo que os contágios deverão continuar a aumentar fortemente e que, pelo menos até fevereiro, será necessário renunciar a eventos de grandes dimensões, mesmo em espaços exteriores..A chanceler considerou ainda que grande parte da responsabilidade pelo aumento das infeções foi "das viagens de férias"..O jornal sublinha que Merkel não se referiu, em nenhum momento, a uma segunda paralisação da vida pública, mas deixou clara a sua convicção de que o vírus não pode ser controlado "por meios simples"..No sábado, Merkel apelou novamente à população para reduzir os contactos, dada a sua repercussão no aumento de infeções por coronavírus, e repetiu a mensagem transmitida num vídeo divulgado na semana passada, porque cada uma das palavras pronunciadas no podcast "continua a ter a mesma validade", defendeu.."A minha convicção fundamental não mudou, acho que só se tornou mais urgente: não somos impotentes contra o vírus, o nosso comportamento decide como e com que rapidez é que se espalha. E o que todos temos de fazer agora é reduzir os contactos. Encontrarmo-nos com muito menos pessoas", disse..Também o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, pediu, no domingo, à população que colabore para conter a pandemia, numa mensagem de vídeo gravada na sua casa, onde está de quarentena, após ter feito um teste que lhe indicou, na quarta-feira, estar infetado pelo coronavírus.."Por favor, continuem a ajudar, não deem ouvidos a quem banaliza [a situação]. Isto é grave. Sabemos o que este vírus pode causar, precisamente em pessoas com doenças prévias e em idosos", defendeu..A Alemanha registou 8.685 novos infetados nas últimas 24 horas - após os 11.176 casos contabilizados no domingo e um novo máximo de 14.714 no sábado -, o que é atribuído ao facto de nem todos os estados federais comunicarem os seus dados nos fins de semana..O número de novas infeções divulgado esta segunda-feira representa o dobro dos 4.325 novos casos registados na segunda-feira da semana passada..Segundo dados atualizados à meia-noite pelo Instituto Robert Koch, entidade responsável na Alemanha pelo controlo e prevenção de doenças, o total de infetados desde o anúncio do primeiro contágio no país, no final de janeiro, é de 437.866, incluindo 10.056 mortos, o que representa mais 24 vítimas mortais num só dia..Cerca de 326.100 pessoas superaram a doença..A incidência de contágios de covid-19 no país é atualmente de 80,9 casos por cada 100.000 habitantes em sete dias..A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e quase 42,7 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP..A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China..Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.