Mendes diz que apoio a Cristas implica deixar cair Moreira
Por detrás de um eventual apoio do PSD à candidatura de Assunção Cristas à Câmara de Lisboa há, segundo Marques Marques, uma "segunda parte da narrativa": a contrapartida desta coligação seria o CDS não apoiar, como nas últimas autárquicas, Rui Moreira, no Porto. Serão estes os bastidores de uma negociação que poderá estar a decorrer, mas que oficialmente os dois partidos já negaram. Seja como for, o comentador da SIC, disse que a "solução será má para ambas as partes".
No habitual espaço de comentário, Marques Mendes afirmou ter "sérias dúvidas que a negociação com estes dois objetivos tenha pés para andar". Por um lado, disse, "o CDS está numa posição confortável". "Nunca vai ceder no apoio a Rui Moreira no Porto. E, se o PSD mesmo assim apoiar Cristas, tem de o fazer sem contrapartidas", finalizou. Recorde-se que, em março no congresso do CDS, Assunção Cristas foi clara ao declarar pretender renovar o apoio a Rui Moreira.
Se, mesmo assim, a ideia de apoiar Assunção Cristas se concretizar numa coligação, Mendes considerou que será uma "atitude de rendição" por parte de Pedro Passos Coelho: "Dir-se-á que só faz isto porque não tem candidato. Ou seja, exibe fraqueza externa e cria divisão interna", referiu, acrescentando que a presidente do CDS também não ficará muito bem na fotografia: "Ela não quer ganhar e ser Presidente da Câmara. O que quer é contar votos e mostrar que vale mais do que vale habitualmente o CDS. Com o apoio do PSD tudo muda. Se ganhar, dir-se-á que se deve ao PSD e não ao seu mérito. Se perder será criticada porque, com o apoio do PSD, tem obrigação de ganhar. E já não faz a contagem de votos que lhe interessa".
Apesar das inúmeras informações que têm vindo a público sobre a hipótese de coligação PSD-CDS em Lisboa, mas liderada pelo segundo partido, as estruturas de ambas as forças políticas não rejeitaram totalmente o cenário, dizendo apenas, em resumo, que a autarquia da capital "está em aberto".
Ontem, em declarações ao DN, Carlos Carreiras, coordenador autárquico do PSD, escusou-se a dizer se existe a intenção de encetar essas conversações, mas diz não querer "alimentar especulações que têm um objetivo claro" e que "não é o de favorecer o PSD, bem antes pelo contrário".
Por sua vez, o porta-voz da candidatura de Assunção Cristas e presidente da distrital, João Gonçalves Pereira, também foi quase perentório, deixando alguma margem de manobra para um eventual futuro próximo: "Não houve nenhuma conversa formal ou informal entre o CDS e o PSD sobre uma possível coligação em Lisboa de apoio à Assunção Cristas. Está tudo exatamente na mesma como antes. O CDS tem uma candidata e todos os dias tem estado no terreno a ouvir a cidade, os problemas das pessoas e, através do programa que está a preparar, a propor soluções".