Meghan Markle sofreu aborto. "Sabia, enquanto abraçava o meu primeiro filho, que perdia o segundo"

A duquesa de Sussex escreve um artigo de opinião sobre esta perda e a importância da pergunta "Estás bem?"
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Meghan Markle revelou que sofreu um aborto em julho deste ano num artigo publicado esta quarta-feira no The New York Times.

"Eu sabia, enquanto abraçava o meu primeiro filho, que estava a perder o segundo", escreveu a duquesa de Sussex, 39 anos, casada com o príncipe Harry desde 2018.

"Depois de mudar a fralda [de Archie], senti uma cólica aguda, deixei-me cair no chão com ele nos braços, sussurrando uma canção de embalar para nos mantermos ambos calmos, uma canção animada que contrastava com a noção de que alguma coisa não estava bem."

A Duquesa de Sussex explica que "horas mais tarde, deitada na cama de hospital", ao lado do marido, tentou perceber como iriam ultrapassar a situação.

"Vendo o meu marido de coração partido, enquanto tentava unir os estilhaços de mim, percebi que a única maneira de começar a sarar era perguntar: Are you ok? (Estás bem?)

"Perder uma criança significa carregar uma dor quase insuportável", escreve. O aborto, nota, é "experienciado por muitos mas falado por poucos". Apesar de afetar 20 em cada 100 mulheres, "permanece um tabu". E, acrescenta, "quando se pergunta a alguém como está e se ouve a resposta, com um coração aberto, a carga de sofrimento fica mais leve - para todos nós. Ao sermos convidados a partilhar a nossa dor, juntos damos os primeiros passos para a cura"

O artigo (acesso pago) chama-se "As perdas que partilhamos" e é sobre mais do que a revelação de que esta gravidez não evoluiu. Meghan Markle volta a um tema que lhe é caro, a necessidade de olharmos para os outros e perguntar "Estás bem?"

A duquesa de Sussex recorda a dura viagem à África do Sul que fez no verão de 2019, quando Archie tinha meses, se sentia exausta e, nas palavras da própria, "tentava manter boa cara aos olhos do público". Nessa altura, foi a pergunta de um jornalista - "Are you ok?"" - que fez a diferença. Meghan Markle respondeu: "Obrigada por perguntar, não houve assim tanta gente a perguntar-me se estou bem": Ao New York Times diz que o que fez a diferença não foi tanto a resposta, "mas o facto de ele ter perguntado".

Meghan Markle fala dos desafios que a pandemia impôs em 2020 - lembrando as vidas perdidas -, da noção de verdade, em crise num país polarizado, e recorda os afro-americanos Breonna Taylor e George Floyd, mortos pela polícia.

"Parece que já não concordamos com o que é verdade. Não estamos apenas a lutar pelas nossas opiniões sobre factos: estamos polarizados sobre se o facto é, de facto, um facto. Debatemos se a ciência é real. Debatemos se uma eleição foi ganha ou perdida. Debatemos o valor do compromisso", lê-se no artigo.

"Estamos a ajustar-nos a um novo normal onde as caras estão escondidas pelas máscaras, mas forçando-nos a olhar uns aos outros nos olhos. Pela primeira vez, em muito tempo, como seres humanos, estamos realmente a ver-nos", remata. "Estamos bem? Vamos ficar".

O artigo de opinião surge num momento em que, diz a AFP, Meghan Markle e o príncipe Harry travam uma batalha com vários órgãos de comunicação social pelo seu direito à privacidade.

A ex-atriz considera que a Associated Newspapers violou a sua privacidade, dados pessoais quando publicou excertos da sua correspondência com o pai, Thomas, com quem Meghan não se dá, antes do casamento com o príncipe Harry, 36 anos, sexto na linha de sucessão ao trono da coroa britânica.

No final de 2019, o casal decidiu deixar de ter uma agenda oficial de representação da Coroa britânica. Após conversações com a rainha e com o príncipe Carlos e um período de transição, deixaram oficialmente de ter compromissos oficiais em nome da Coroa britânica em março. Deixaram o Reino Unido e vivem na Califórnia com o filho, Archie Moutbatten-Windsor, que nasceu em maio de 2019.

A saída da "firma", como alguns britânicos apelidam a família real britânica, aconteceu depois de relatos de que Meghan Markle se sentia infeliz com a sua vida no seio dos Windsor e cansada da intrusão dos meios de comunicação.

O casal assinou um acordo com a Netflix no início do ano por valores que não foram revelados e fundou uma organização não-governamental dedicada a promover a educação, saúde mental e bem-estar chamada Archewell

Tradicionalmente, os membros da família real britânica mantêm-se em posição neutral em relação a temas políticos, mas antes das eleições americanas, o casal gravou um vídeo de apelo ao voto.

*Com AFP

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