Com a chegada de Lionel Messi ao PSG está na forja um ataque de luxo, formado pelo argentino, Neymar e Kylian Mbappé. Três foras de série que prometem arrasar as defesas que encontrarem pela frente no campeonato francês e na Liga dos Campeões. Aliás, os parisienses, treinados por Mauricio Pochettino, já são apontados como o novo Dream Team do futebol mundial, à semelhança de outros que marcaram a história do futebol. Numa viagem ao passado, o DN desafiou os antigos internacionais portugueses António Simões, João Alves, Álvaro Magalhães, Carlos Xavier, Fernando Nélson e Tonel a elegerem os melhores tridentes atacantes de cada década, tendo como ponto de partida os anos de 1960. De Eusébio a Ronaldinho, passando por Pelé e Maradona, as escolhas recaíram em algumas estrelas que marcaram a história do jogo..Sobre a nova equipa do Paris Saint-Germain, que promete ser de sonho, os antigos futebolistas portugueses levantam uma questão que deve inquietar o treinador do clube francês, Mauricio Pochettino: quem vai defender? A resposta será dada ao longo da época..O magriço António Simões não hesitou ao ser desafiado pelo DN sobre o melhor tridente que viu jogar na década de 60 do século passado. "Mário Coluna, Eusébio e José Águas", atira de pronto. Curiosamente, tratam-se de três jogadores da equipa do Benfica da qual fez parte e que conquistou a Taças dos Clubes Campeões Europeus em 1962. Mas não faria sentido substituir um destes elementos desse trio por um tal de António Simões? "Pois, eventualmente, mas não me ficaria bem dizer isso...", atirou, sorridente, o antigo extremo esquerdo que brilhou de águia ao peito e na seleção nacional..O antigo internacional recorda Eusébio como o melhor atleta que alguma vez viu. "Os jogadores hoje em dia fazem-se, ele nasceu atleta. Estava muito adiantado no tempo em termos físicos e depois, com todo o talento que tinha, transformou-se naquele jogador de exceção que todos recordamos", diz..De Mário Coluna, afirma que foi o futebolista com mais capacidade de liderança com quem contactou, destacando ainda "a grande dinâmica que empregava em todas as suas ações dentro de campo". Já de José Águas diz que "tinha uma grande capacidade de finalização, a que aliava uma grande capacidade técnica". Mas a maior qualidade deste ponta-de-lança "era mesmo o jogo de cabeça, com a bola a ser direcionada por vezes com tanta força como se fosse com o pé"..A propósito dos três avançados que se juntaram no PSG, antevê que seja uma parceria coroada de êxito, mas avisa que todos terão de defender um pouco mais do que estavam habituados. "Quando falo em defender, trata-se de encontrar uma posição que dificulte a saída de bola do adversário, algo que o Messi faz com grande mestria", assume, sublinhando que "os adversários é que terão de estar preocupados com a capacidade ofensiva do PSG, ao invés de ser o PSG a estar muito preocupado em defender muito bem". Na sua opinião, com a chegada de Messi o PSG vai ficar mais perto de chegar finalmente à tão desejada conquista da Liga dos Campeões.."Se apenas tiver de escolher um trio que me tenha encantado na década de 1970, escolho Tostão, Pelé e Rivelino", diz-nos João Alves, que apareceu ao mais alto nível a partir da época de 1974-75, ao serviço do Boavista, tendo depois brilhado no Benfica. Na sua opinião, "funcionavam na perfeição e era um deleite ver a harmonia que existia entre os três". O ponto mais alto da exuberância deste trio verificou-se no Campeonato do Mundo de 1970, conquistado precisamente pelo Brasil, numa final com a Itália, que terminou com goleada da canarinha por 4-1. Curiosamente, Tostão esteve muito perto de falhar a competição, devido a uma lesão num olho, mas recuperou in extremis, a tempo de ser figura numa das melhores equipas da história do jogo..Curiosamente, João Alves jogou no PSG na temporada de 1979-80. "Eu já seguia a equipa com grande atenção, mas agora vou acompanhar ainda com mais pormenor. Tenho a certeza de que, hoje em dia, Messi, Neymar e Mbappé são o melhor que existe no futebol e não duvido de que se vão completar e formar um ataque poderoso", antevê..Para além de companheiros na seleção holandesa, Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten jogaram juntos no AC Milan, entre 1988 e 1993. Álvaro Magalhães, antigo internacional português, elege este trio como o melhor que viu nos relvados na década de 1980. "Funcionavam muito bem juntos e eram jogadores que combinavam técnica com capacidade física e grande conhecimento tático", defende..Este trio passou a ser de dimensão planetária depois do incrível Campeonato da Europa que realizaram em 1988, liderando a Holanda à vitória na final com a URSS. Jogo em que Gullit inaugurou o marcador e Van Basten fez o 2-0, com remate sem deixar cair a bola no chão quase sem ângulo. "Esses três holandeses tinham ainda uma capacidade mental fortíssima. E, claro, jogavam muito... Vi isso quando o Benfica defrontou o Milan na final da Taça dos Campeões, em 1990", recorda o antigo defesa do Benfica, que perdeu esse por 1-0, com golo de... Rijkaard..Álvaro Magalhães pensa que Neymar, Mbappé e Messi vão entender-se às mil-maravilhas. "Em termos técnicos, não há melhor do que eles. E como têm uma grande mobilidade, vão fazer gato-sapato dos defesas contrários. Mas claro que o treinador do PSG vai ter de construir uma equipa que tenha uma boa organização defensiva, pois não se pode apenas atacar...", sustenta, deixando claro que se só pudesse optar por um deles, optaria por "Messi, sem dúvida". "Está um pouco acima de todos os outros jogadores da atualidade. É o número 1, seguido de muito perto por Cristiano Ronaldo e depois aparece o Neymar", defende..Quando se fala na relação entre o Nápoles e Diego Maradona, muitos defendem que o argentino levou sozinho o clube ao sucesso, mas há quem pense que a presença dos brasileiros Alemão e Careca foi igualmente muito importante. É isso que defende Carlos Xavier, que elege este como o melhor trio que viu jogar entre o final da década de 1980 e o início da de 1990.."Todos sabemos o que o Maradona fazia com uma bola e que, de um momento para o outro, decidia um jogo. Mas eu também adorava o Alemão, um médio finíssimo a conduzir o jogo do Nápoles, e o Careca, um finalizador de exceção que casava na perfeição com Maradona", assume. O antigo médio do Sporting destaca ainda Careca por "não parar um minuto e por ser mauzinho, pois se é verdade que levava muita porrada, também impunha respeito aos defesas pelas cacetadas que dava"..A propósito da linha avançada do PSG, confessa que o seu preferido é Mbappé. "Possui capacidade física tremenda, é espontâneo e tem sempre os olhos na baliza. O Neymar é um craque que dribla muito bem e faz muitas assistências, mas marca poucos golos. Quanto ao Messi, tenho a certeza que joga bem em qualquer lado, mas já estava cansado de estar no Barcelona e agora vai ganhar outra motivação no PSG", justifica..Fernando Nélson, antigo defesa direito do Sporting e do FC Porto, elege os brasileiros Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo como o seu tridente preferido na primeira década do século XXI. "Eram três fenómenos, que conseguiam desequilibrar o rigor tático dos adversários, conseguindo resolver jogos de um momento para o outro"..Foi no Campeonato do Mundo de 2002 que este trio mais brilhou, liderando o Brasil à conquista do Campeonato do Mundo da Coreia do Sul/Japão. "Eram os três fabulosos, mas o meu preferido era o Ronaldinho. A sua forma de ser não o levou a encarar o profissionalismo a 100%. Se o tivesse feito, teria alcançado uma projeção ainda maior", realça..Nélson está muito curioso para perceber como vai funcionar o novo ataque do PSG. "O Barcelona era uma equipa que nos últimos 15 anos estava formatada a jogar para o Messi. Que impacto terá no PSG? Até porque este já não é o Messi de há dez anos...", lembra, reforçando a dúvida da forma de defender da equipa: "Pelo menos dois destes jogadores terão de o fazer e isso não vai muito de encontro às suas características. Mauricio Pochettino terá muito trabalho para equilibrar a equipa.".Tonel, defesa central que se destacou no Sporting, considera que Messi e Neymar já integraram o melhor trio da década de 2010. A esses dois craques juntava-se Luis Suárez, num ataque de sonho que em 2014-15 marcou qualquer coisa como 119 golos ao serviço do Barcelona, um recorde na história do futebol. Foram 57 pelo argentino, 38 pelo brasileiro e 24 pelo uruguaio. "Suárez distingue-se pela incrível facilidade de concretização e pela forma como ataca o espaço em profundidade, para além de nunca dar uma bola por perdida. Messi e Neymar todos reconhecemos a enorme criatividade que têm e conseguiam atrair os defesas, servindo depois o Suárez ou eles próprios finalizando com sucesso", destaca..Sobre o atual tridente do PSG, entende que, em termos teóricos, é muito possivelmente a frente ofensiva mais forte que já viu. "Pochettino é um treinador felizardo por conseguir reunir estes três talentos. No entanto, o futebol não é só atacar e terá de construir uma equipa equilibrada e que não seja facilmente exposta em transição defensiva". E não duvida de que Messi vai adaptar-se facilmente a esta nova realidade, até porque considera que "o campeonato francês não é tão forte como o espanhol"..dnot@dn.pt