Mau cheiro em escola de Constância causou tosse, náuseas e dores de cabeça
Muitos dos alunos, pais, professores e auxiliares do Centro Escolar de Santa Margarida, freguesia de Constância (distrito de Santarém), "queixaram-se de tosse irritativa na garganta, náuseas e dores de cabeça", contou ao DN o presidente da Câmara de Constância, o socialista Sérgio Oliveira, no seu gabinete. "Até a causa do cheiro a ovos podres no interior da escola estar determinada, a escola vai estar encerrada", referiu o autarca ontem ao DN, no primeiro dia do encerramento preventivo do Centro Escolar de Santa Margarida.
O odor que provoca os sintomas de intoxicação "sente-se sobretudo na sala de ATL, na biblioteca, num corredor e junto às caixas de águas pluviais (da chuva) no exterior", descreveu o presidente da Câmara que ontem de manhã cedo foi ao local. A partir da manhã de hoje "serão colocados aparelhos de medição do ar nas salas mais afetadas e sondas nas condutas de água pluviais e da rede de esgotos para perceber se há alguma obstrução nessas condutas ou acumulação de matéria orgânica", garantiu. Uma empresa certificada vai também fazer a avaliação da rede do gás.
"Ainda esta manhã levantámos um conjunto de caixas pluviais e sentimos o cheiro", adiantou o presidente da Câmara que esteve no local com técnicos. Sérgio Oliveira conta ter resultados sobre a origem do mau cheiro no final da próxima semana e início da outra.
Hoje, os 71 alunos do estabelecimento de ensino começam a ter aulas na sede do Agrupamento de Escolas Luís de Camões, em Constância, com o transporte assegurado pela autarquia.
Aluna referiu "cheiros esquisitos"
"Havia cheiros esquisitos na escola", contou Aurora, a filha de 9 anos do casal Bruno e Anita Velez, aos pais. "Terá havido uma reunião por causa do mau cheiro na escola em 2016, mas nós não fomos porque não estávamos cá", contou Bruno. O casal entrou e saiu ontem em poucos minutos do Centro Escolar de Santa Margarida onde se deslocou por causa do processo de transferência da filha Aurora, que ontem começava aulas numa outra escola da região por motivo de mudança de residência dos pais.
No interior do Centro Escolar de Santa Margarida uma auxiliar deixou escapar que "houve uma reunião por causa do mau cheiro em 2016" mas os docentes e outros funcionários que ali se encontravam ontem recusaram falar ao DN por não estarem "autorizados" para o efeito.
Madalena, de 63 anos, cuja casa fica a poucos metros da escola, e que é avó de uma das alunas, adiantou ao DN que nos dias em que entrava no recinto para ir buscar a neta "cheirava mal dentro do estabelecimento", um odor que lhe parecia ser "a gás". "Mas já disseram que não é do gás. O certo é que desde 2016 que este problema se arrasta", contou Madalena, recusando ser fotografada por não querer problemas. "A minha neta só há pouco tempo se queixou do mau cheiro. Mas sobre o assunto houve uma reunião na escola em 2016 e outra no passado sábado." A pouco mais de quatro quilómetros do Centro Escolar Santa Margarida fica localizada a fábrica de pasta de celulose Caima, fundada na vila ribatejana na década de 60 do século passado, mas o odor característico libertado pela unidade industrial "não está relacionado com o mau cheiro na escola", garantiu Sérgio Oliveira, que apenas se encontra à frente do executivo camarário desde outubro de 2017, tendo herdado um dossiê que veio da gestão da autarquia pela comunista Júlia Amorim (ver caixa).
Seguindo as recomendações de um relatório do Politécnico de Tomar, que o presidente da Câmara só veio a conhecer na passada sexta-feira "e apenas porque uma funcionária guardou uma cópia do mesmo" (ver caixa), foram feitas limpezas das condutas dos esgotos em finais de novembro e em dezembro do ano passado. "Mas dentro das condutas dos esgotos não vem o cheiro. Só cheira mesmo dentro das caixas das águas pluviais", diz o autarca. O único relatório que o anterior executivo camarário deixou sobre o mau cheiro é do Instituto de Soldadura e Qualidade, de abril de 2016, o qual não levantava problemas de maior.