Matilde: um ano de joias sustentáveis de alta qualidade
Ainda não fez um ano que a Matilde Jewellery nasceu, apenas na Internet, mas a fundadora da marca, Matilde Mourinho, filha do treinador José Mourinho, faz agora aquele que considera o "teste perfeito" para o plano de inaugurar uma loja física: abriu, no centro de Londres, uma loja pop-up que estará a funcionar até à véspera de Natal. É lá que vai poder mostrar as suas peças de joalharia sustentável, feitas a partir de ouro reciclado ou com diamantes produzidos em laboratório.
"Quando eu lancei a marca, em dezembro 2020, o mundo inteiro estava a entrar e sair de lockdown, e eu não tive a oportunidade de mostrar as peças em pessoa. Agora, quase um ano depois, perto do aniversário da marca, achei que seria a melhor altura para o fazer. E claro, tendo em conta a época natalícia, em que a indústria de joias realmente prospera", diz Matilde numa entrevista por e-mail ao Diário de Notícias. A criadora admite que quer muito abrir uma loja permanente, mas garante não ter pressa para o fazer. "Por agora, a estratégia é manter as vendas principalmente na internet, mas indo tendo eventos ou pop-ups quando puder e quando faça sentido. Espero no futuro poder fazer algo em Portugal", confessa.
É no nosso país e no Reino Unido que está a maioria dos clientes da Matilde Jewellery, clientes que a criadora descreve como "atemporais, mas modernos", que "adoram fazer um statement com as peças que usam, mas de uma maneira subtil e não chamativa", que estão focados em "criar uma coleção de joias que dura uma vida inteira" e que ainda se preocupam com a origem das peças. A sustentabilidade é, aliás, uma das principais características da coleção. "Isto sempre foi uma coisa muito importante para mim e para a marca", garante.
"Os diamantes produzidos em laboratório são fisicamente, oticamente e quimicamente idênticos aos diamantes naturais, com a exceção de como são produzidos. Os diamantes naturais crescem de forma natural debaixo da terra e levam anos e anos, enquanto os diamantes produzidos em laboratório podem levar tão pouco como 3-4 semanas. E a principal diferença é o impacto que tem no meio ambiente e nas comunidades que vivem perto das minas", explica. Já no que respeita ao ouro, a marca apenas usa reciclado. "Como existe tanto excesso de ouro no mundo, usar ouro reciclado é a melhor alternativa. Em vez de contribuir mais para a indústria de mineração de ouro, nós usamos ouro reciclado feito de peças de joias antigas, entre outras coisas", conta.
Uma escolha que "definitivamente" tem reflexo nos preços das joias. "A maneira mais fácil de comparar é ver os preços de fast food e de produtos orgânicos. Os alimentos orgânicos são sempre mais caros, mas por um motivo. O mesmo acontece com as marcas de "fast fashion" em comparação com marcas "slow fashion" sustentáveis", expõe. "O ouro reciclado fica mais ou menos 20% mais caro do que ouro não reciclado. Por outro lado, os diamantes produzidos em laboratório são mais baratos do que os diamantes naturais", diz. "Tento encontrar um equilíbrio entre oferecer joias sustentáveis da mais alta qualidade, mas também tento torná-las o mais acessíveis que posso", comenta.
Os preços oscilam entre os 2.220 euros de um anel e os 70 de uns brincos. E mesmo sendo uma tarefa difícil, Matilde consegue apontar algumas das suas peças de eleição, entre as quais algumas da coleção Heritage, onde pontuam por exemplo, o coração de Viana ou os tradicionais azulejos.
"É provavelmente a mais especial para mim, porque é inteiramente inspirada na minha herança portuguesa e em diferentes coisas que sempre fui vendo durante a minha infância", admite Matilde. "Sinto-me muito orgulhosa da minha herança portuguesa e embora tenha vivido fora de Portugal durante a maior parte da minha vida é e sempre será casa. Por isso, quis honrar isso e todas as diferentes tradições portuguesas". O Viana Ring, um anel que desenhou em conjunto com a mãe para o último Dia da Mãe e que custa 656 euros, está entre os favoritos.
Há um mês a Matilde Jewellery lançou uma coleção para homem. "Embora tenha sido desenhada com o estilo masculino em mente, a coleção é incrivelmente versátil e funciona tanto para homens como para mulheres. Eu, pessoalmente, uso sempre peças da coleção de homem", conta a criadora, que pretende aumentar a oferta masculina ao nível da joalharia. "Nós, mulheres, temos muita escolha em termos de joalharia, mas os homens tendem a ter menos escolha", comenta.
Agora, no final deste ano "incrível", toda a energia está apontada para a loja pop-up, situada no Soho, mas para 2022, há vários projetos. "Sem revelar muito, estamos realmente a concentrar-nos em levar a marca para o próximo nível em todos os sentidos. Eu aprendi muito no primeiro ano da marca, e o segundo ano é sobre como aplicar tudo isso para um ano ainda melhor e para realmente melhorar a experiência dos nossos clientes e da nossa comunidade".