Os fãs sabem sempre onde encontrá-lo, como são avisados logo nas primeiras linhas da biografia publicada no site oficial, no qual é apresentado como um "artesão", sempre "em busca da verdade musical". Não esperem portanto vê-lo "em manchetes melodramáticas nos jornais, nem em painéis de júris de concursos de talentos", mas sim onde as canções nascem e vivem..É lá que gosta de estar, na sala de ensaios, no estúdio de gravação ou num qualquer palco por esse mundo fora. Como aquele para o qual irá subir em Lisboa, na Altice Arena, nesta terça-feira, para mostrar aos fãs portugueses as novas e velhas músicas que continuam a fazer de Mark Knopfler um dos melhores compositores e guitarristas do firmamento do pop-rock..Para que isso acontecesse muito contribuiu a longa e prolífica carreira dos Dire Straits, o grupo fundado por Mark e pelo irmão David em 1977. Numa altura em que imperava o punk rock, eles optaram por se manter fiéis a um rock mais clássico, dando início a uma das mais bem-sucedidas carreiras da história da música popular. Ao longo de 17 anos, editaram seis álbuns de originais, que venderam mais de cem milhões de exemplares em todo o mundo e deixaram para a posteridade clássicos como Sultans of Swing, Lady Writer, Tunnel of Love, Romeo and Juliet, Telegraph Road, So Far Away, Money for Nothing, Walk of Life ou Brothers in Arms..Exemplos perfeitos das tais canções verdadeiras, que o jovem Mark aprendeu a amar, ainda em criança, na sua Escócia natal, por influência do tio Kingsley, um pianista de boogie-woogie que lhe abriu os horizontes musicais. Tanto que, aos 12, pediu ao pai, um arquiteto judeu húngaro chegado ao Reino Unido no início da Segunda Guerra Mundial (onde se casou a inglesíssima Louisa Mary), de seu nome Erwin Knopfler, para lhe comprar aquela Fender Stratocaster vermelha que tinha visto na montra de uma loja de música em Newcastle, para onde a família entretanto se tinha mudado.."Demasiado cara", terá respondido o progenitor, que apenas lhe passou para as mãos uma nota de 50 libras, ainda assim suficientes para comprar a Höfner V2, "de duplo pickup" e também ela vermelha, com que começou a tocar em bandas locais, a fazer versões de gente como Chet Atkins, Django Reinhardt, Lonnie Johnson ou Chuck Berry, a quem chegou a ver ao vivo, num momento mais tarde apelidado pelo próprio de "epifania" musical..Em paralelo com a música, Mark nunca deixou a escola. Começou por estudar jornalismo e chegou a trabalhar como repórter estagiário no Yorkshire Evening Post, para o qual chegou a entrevistar o músico de blues inglês Stephen Phillips, com quem viria, mais de duas décadas depois, já depois do fim dos Dire Straits, a formar o grupo de country rock The Notting Hillbillies,..Depois de se formar em Língua e Literatura Inglesa pela Universidade de Leeds, Mark mudou-se para Londres em 1973, com o irmão, para tentar a sorte como músico. Após alguns anos a tocar em bares, surgiam finalmente os Dire Straits, que haveriam de durar até 1995..Desde então, Mark Knopfler tem dividido a atividade entre diversas colaborações (Bob Dylan, Eric Clapton, B. B. King ou Tina Turner) e uma intensa carreira a solo, mais direcionada para o folk, para a country e para os blues e não tanto para o rock clássico que lhe deu o estatuto de estrela mundial..Ao todo conta já com nove álbuns em nome próprio, o último dos quais, Down the Road Wherever, editado no final do ano passado. É este trabalho que agora apresenta em Lisboa, naquela que será a sexta visita do músico e cantor escocês a Portugal, duas delas com os Dire Straits - em 1992, nos estádios de Alvalade e de São Luís, em Faro..Chega acompanhado de uma formação de dez elementos, entre os quais se destaca o teclista e guitarrista Guy Fletcher, antigo companheiro de Mark nos Dire Straits, que, invariavelmente, são sempre recordados nestes concertos..Mark Knopfler Altice Arena, Lisboa 30 de abril, terça-feira, 21.00. Bilhetes: 32 € a 120 €