Dores de Jonas são ouro para o Benfica
Jonas já marcou 13 golos em dez jogos ao Marítimo. Parece fácil, é fácil, mas depender de um golo para ganhar é muito pouco e muito frágil. Tudo o que é o Benfica hoje em dia: frágil e curto. Sobretudo porque do outro lado está uma equipa destruída. O Marítimo leva 13 jogos sem ganhar (nove na I Liga) e vai ficando cada vez mais deprimido. O Benfica foi a maestria de Jonas e o talento de Zivkovic. E foi tudo, e chegou.
Os dados da fortuna estavam lançados para o Benfica chegar à quinta vitória consecutiva, melhorando a melhor série (em curso) da temporada. O Marítimo não tinha ganho qualquer um dos últimos 12 jogos (oito em 12 na Liga, o pior registo em 40 anos), só conseguiu marcar sete vezes no campeonato (pior ataque), está numa crise tão profunda (desde 2 de setembro, última vitória) que nem uma troca de treinadores alivia (Petit empatou um jogo e perdera outro).
Mas esta equipa do Benfica é robusta como uma folha de papel, joga um futebol de nota artística muito baixa. E depender de dores nas costas é um embaraço.
A primeira parte só não foi miserável porque nos últimos dez minutos Zivkovic se juntou a Jonas a criar lances passíveis de outras finalizações. Pizzi, sobretudo, não estava para aí virado. Nem Grimaldo, num dos seus proverbiais livres diretos. Abedzadeh chegou para as encomendas.
Até que Jonas voltou a queixar-se de dores nas costas, como se pode ver nas fotos dos festejos do golo inaugural. O brasileiro recebeu de Cervi, rodou o mundo com o peito e contornou Abedzadeh, que com os pés ceifou o avançado. Penálti. Ferreyra já tinha falhado (no 3-2 ao V. Guimarães), Sálvio também (no 0-2 com o Belenenses), mas Jonas é de outra galáxia. Aliás, com dores nas costas, o brasileiro ainda pode fazer, num Benfica como este, mais dez épocas a fazer a diferença. Portanto, um penálti falhado, dois penáltis falhados e ao terceiro, Jonas. O primeiro golo de penálti da equipa de Rui Vitória na I liga. Pormenor precioso: nos descontos da primeira parte...
Na segunda parte, ainda foi mais miserável, se formos honestos. Benfica a rodar a bola, Marítimo afundado em depressão, tempo a passar. Zivkovic lá ressuscitava os mortos (como quando rompeu na direita e Gedson quase marcou), Jonas era Jonas (tabela com Pizzi e entrada quase triunfante na área - remate saiu frouxo).
E tudo se encaminhava para uma conclusão gloriosa. O Benfica ganhou o quinto jogo sem sofrer golos (9-0), dá sinais nos resultados de querer recuperar estatuto para se bater com o FC Porto, Jonas enche o saco de golos (13 em dez jogos com o Marítimo, vítima preferida). Mas parece tudo tão condicionado que uma dor de costas mais séria pode inverter tudo, novamente.
Para já, a equipa segue a quatro pontos do líder FC Porto e a um do Sp. Braga (pode ficar a três do Sporting, se este ganhar mais logo ao Nacional em Alvalade), mas na verdade em campo a distância parece maior.
Jonakovic. Ou Jonas e Zivkovic. Jonas é de qualidade superlativa. Até os neurónios jogam à bola. Criou os principais lances de perigo até ganhar o penálti a Abedzadeh - e convertê-lo no golo do triunfo. Durante e depois, Zivkovic sobrepunha-se a todos os outros. Dizer isto assim, isoladamente, é até insultuoso, tal é a mediocridade geral. O sérvio é um talento e um artista, mas também um acelerador - viu-se isso num par de lances com passes a rasgar a defesa contrário e a dar gás ao jogo da sua equipa. Estar ao mesmo nível de Jonas é um enorme elogio. E que dizer que, no geral, até foi melhor, mas foi o 10 quem decidiu?
Jogo no Estádio do Marítimo, no Funchal.
Marítimo - Benfica, 0-1.
Ao intervalo: 0-1.
Marcador:
0-1, Jonas, 45+2 minutos (penálti).
Marítimo: Amir, Bebeto, Zainadine, Lucas Áfrico, Rúben Ferreira, Gamboa (Edgar Costa, 56), Vukovic, Fabrício, Correa (Barrera, 85), Danny (Joel Tagueu, 69) e Rodrigo Pinho.
(Suplentes: Charles, Marcão, Nanu, Jean Cléber, Edgar Costa, Barrera e Joel Tagueu).
Treinador: Petit.
Benfica: Vlachodimos, André Almeida, Rúben Dias, Jardel, Grimaldo, Fejsa, Pizzi, Gedson, Zivkovic (Gabriel, 74), Cervi (João Félix, 90) e Jonas (Seferovic, 81).
(Suplentes: Svilar, Gabriel, Seferovic, Alfa Semedo, Krovinovic, Castillo e João Félix).
Treinador: Rui Vitória.
Árbitro: João Pinheiro (AF Braga).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Correa (25), Amir (45+1), Zainadine (57), Fabrício (65), Danny (66), Jardel (70), Fejsa (87) e André Almeida (90+4).
Assistência: Cerca de 9.500 espetadores.