Foi nesta noite, na gravação do programa da TSF Conversas com Rastilho, do jornalista Paulo Tavares e do músico (e ex-jornalista) Renato Júnior, programa que mensalmente junta duplas improváveis. Desta vez, a eurodeputada bloquista Marisa Matias e o empresário (e ex-vocalista dos Heróis do Mar) Rui Pregal da Cunha..Já no final da gravação - que ocorreu na Fábrica da Pólvora, em Barcarena (Oeiras) -, Marisa Matias foi questionada sobre se admite voltar a ser candidata presidencial e a forma como Marcelo Rebelo de Sousa tem exercido o mandato..Primeiro, começou por dizer que o PR "está a fazer um bom mandato", que ele representa "uma diferença enorme em relação ao anterior [Cavaco Silva]" - "o que até nem era muito difícil"..Depois, quanto à sua própria disponibilidade para voltar a ser candidata - em 2016 ficou em terceiro lugar com 10,12%, tornando-se a mulher que melhor resultado obteve numas presidenciais -, respondeu que "pode ser ou pode não ser", "é muito cedo". "Sinceramente, não estou a pensar nisso, logo se verá.".A certeza - acrescentou - é que é melhor não avançar com nenhuma certeza. "Não vou dizer que não definitivamente, posso ter de engolir isso...", rematou..À partida, a configuração do programa prometia uma "dupla improvável" (palavras de Paulo Tavares), composta por um betinho lisboeta de direita - Rui Pregal da Cunha - e uma mulher de esquerda com origens rurais (Condeixa, distrito de Coimbra), Marisa Matias..O que o programa revelou é que Pregal da Cunha recusa qualificar-se como de direita e até elogiou a geringonça, porque "deu cabo de uma ideia binária" segundo a qual o poder governativo estava reduzido a dois partidos, o PS e o PSD, sendo, além do mais, "fantástico" que "outros países estudem a experiência"..Marisa Matias também assume a experiência como "positiva", embora acrescentando ter sido muito "exigente". "Este vai não vai do PS com a Lei de Bases da Saúde foi uma carga de nervos...".Além do mais, os dois revelaram-se sintonizados a criticar a União Europeia, nomeadamente pela forma como as negociações de adesão foram feitas e as respetivas consequências na economia nacional (e na secundarização de atividades como a pesca ou a agricultura). "Tornámo-nos um país de serviços", protestou Marisa; "Desapareceu a maçã-bravo-de- esmolfe... lembram-se? Era tão boa...".Marisa Matias assegurou que conhecia as músicas que tornaram os Heróis do Mar um fenómeno de sucesso no início dos anos 80 do século passado, mas, porque "ainda andava na primária" nessa altura, não estava a par da enorme polémica que a banda gerou (por ter uma imagem de direita quando culturalmente a direita não existia)..O antigo vocalista da banda reconheceu que foi uma opção deliberada que deu "notoriedade" ao grupo - "uma vez entrei num restaurante e estava toda a gente a falar dos Heróis do Mar" -, mas que a única consequência a prazo foi o grupo demorar algum tempo a conseguir marcar concertos a sul de Setúbal..A conversa passou também pelo Brexit, com o empresário a resumir tudo numa palavra ("uma loucura") e a eurodeputada a dizer que "foi uma vergonha este processo todo de não negociação" - embora salientando ao mesmo tempo que agora com Boris Johnson a primeiro-ministro ao menos "sabe-se o que ele quer"..Com edição sonora de José Manuel Cabo, o programa Conversas com Rastilho, resultado de uma parceria com a Câmara de Oeiras, será emitido na TSF no dia 6 de agosto, entre as 22.00 e as 23.00.