Mário Machado condenado por crimes de delito comum
O rosto dos skinheads portugueses foi ontem condenado pelo tribunal de Loures a sete anos e dois meses de prisão por crimes de sequestro, roubo e coacção, sendo que nenhum dos factos provados está relacionado com a apologia política de extrema-direita. Mário Machado, líder dos Hammerskin's Portugal, tornou-se um criminoso de delito comum. Com ele foram condenados outros quatro arguidos, um dos quais a nove anos. Três foram absolvidos.
Em julgamento estavam oito indivíduos acusados de rapto agravado, cuja qualificação jurídica foi depois transformada em sequestro agravado, de associação criminosa, que acabou por não ser provada, e por sequestro, roubo, coacção, posse de arma ilegal, entre outros. Os crimes provados foram imputados, sobretudo, aos três arguidos condenados a penas de prisão efectiva, encontrando-se já em prisão preventiva: Rui Dias, professor universitário, 41 anos - nove anos de prisão; Fernando Gonçalves, treinador pessoal, 40 anos - sete anos e 10 meses de prisão; Mário Machado, sem profissão certa, 34 anos - sete anos de prisão. Foram ainda condenados: Nuno Cerejeira, 36 anos, segurança, por cumplicidade com os outros três, com pena de dois anos e dois meses, com suspensão da execução pelo mesmo período; João Dourado, 20 anos, desempregado, com pena de 10 meses, com suspensão da execução por um período de um ano; Bruno Ramos, 34 anos, Bruno Monteiro, 25 anos, Nuno Themudo da Silva, 37 anos, foram absolvidos.
Algumas das vítimas de roubo e de sequestro foram submetidas, pelo grupo, a verdadeiros actos de tortura. Uma delas foi deitada nua numa banheira sob os pingos de uma vela a arder. Outra, depois de roubada, sequestrada e espancada foi abandonada em Monsanto com meia garrafa de água e 20 euros para o táxi.
Mário Machado, Rui Dias e Fernando Gonçalves já tinham sido condenados por crimes anteriores, sendo que as penas do líder dos Hammerskin's sempre estiveram conotadas com ilícitos relacionados com ideologias de extrema direita. Neste contexto, foi uma vez visitado na prisão pelo bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto. Mas desta vez foi condenado apenas por crimes de delito comum.