Maria Teresa Horta recebe Prémio de Consagração de Carreira

A escritora Maria Teresa Horta é distinguida, hoje, 22 de maio, com o Prémio de Consagração de Carreira, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA). A cerimónia é transmitida em direto pelo DN a partir das 18:30.
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"Tenho dificuldade em expressar a alegria, mas na verdade fiquei muito satisfeita, sempre tive um percurso muito perto da literatura e sou uma mulher que amo, amo a literatura, tenho uma paixão pelos livros - adoro livros - e toda a minha escrita é atravessada pela reflexão sobre a própria escrita", afirmou Maria Teresa Horta há dias à Lusa.

O galardão, que distingue a poeta e ficcionista, "pela qualidade, extensão e representatividade da sua obra", será entregue por José Jorge Letria numa cerimónia a realizar hoje às 18:30, no Dia do Autor, com transmissão em direto neste site.

"Toda a minha vida, eu andei a defender e a enaltecer a literatura, sinceramente acho que sim, que mereço este prémio, pois tive um trajeto em prol da literatura e da liberdade", declarou a autora de "A Dama e o Unicórnio".

"Não separo assim tanto a poetisa da jornalista, acho que são duas faces da mesma mulher, uma não pode viver sem a outra", acrescentou a escritora de 76 anos.

A autora, que viveu trinta anos sob o fascismo, como realçou à Lusa, afirmou que "devemos ter uma prática diária que é defender a liberdade que o 25 de Abril [de 1974] nos trouxe, e eu sou uma mulher de luta, uma lutadora da liberdade, uma sonhadora da liberdade e sempre lutei pela liberdade e pelos direitos das mulheres e os direitos humanos, desde os tempos do fascismo", atestou.

"Em mim as duas coisas juntam-se, são uma só, ser escritora e ter uma presença na sociedade como mulher e lutadora dos direitos", enfatizou.

Neste contexto, Maria Teresa Horta afirmou que "os escritores estão muito fechados no seu mundo literário", ao contrário da sua geração que sempre "se habituou a lutar pela liberdade e contra o fascismo".

"A participação do escritor não pode ser apenas através da palavra escrita tem de ser também através da sua posição na sociedade, como ser humano, como pessoa. É extremamente importante e, nesta altura, está outra vez a voltar a ser muito importante", sublinhou.

A poetisa considera que "se perdeu o sentido de comunidade, de grupo e a noção de solidariedade".

Maria Teresa Horta declarou-se "escandalizada" por "não haver um grupo de mulheres que, relativamente ao caso do rapto das meninas na Nigéria, não faça um abaixo-assinado, não aconteça nada".

"Vê-se no 'facebook', mas onde estão os grupos de mulheres que existem neste país? Não vêm para a rua reclamar?", indignou-se a jornalista.

E disse que, quando questiona sobre o assunto, o que ouve "é o silêncio". "Como se eu estivesse a fazer o monólogo da feminista! Perdeu-se o sentido de coletivo".

"Sou uma mulher de luta e nem quero deixar de ser e é disso que é feita a minha escrita e a minha atuação diária", rematou.

Questionando sobre projetos literários, além da "escrita diária de poesia", a autora conta editar, no final do ano, um livro de contos intitulado "As Meninas".

A SPA justifica a escolha de Maria Teresa Horta "pela qualidade, extensão e representatividade da sua obra".

"Maria Teresa Horta tem vindo a ser galardoada com alguns dos mais importantes prémios literários portugueses; recorde-se que Maria Teresa Horta, jornalista de profissão durante décadas, foi uma das autoras das 'Novas Cartas Portuguesas' e é autora de uma vasta obra poética e também de ficção narrativa", escreve a SPA.

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