Marcelo Queiroga. Bolsonaro escolhe quarto ministro da saúde durante a pandemia

Marcelo Queiroga, cardiologista da esfera de amizade do presidente, substituiu o muito criticado General Pazuello. "Ele vai dar prosseguimento tudo o que Pazuello fez até hoje", disse Bolsonaro
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Jair Bolsonaro escolheu nesta segunda-feira o nome do quarto ministro da saúde durante a pandemia. Será Marcelo Queiroga, um cardiologista amigo do presidente do Brasil, que aceitou um convite em reunião mantida logo após a recusa da também cardiologista Ludhmila Hajjar. Ele tomará posse na pior fase da doença no país, com 17 dias consecutivos de recordes de média móvel e quase 280 mil mortos contabilizados, um registo que gerou críticas contundentes a Eduardo Pazuello, o general paraquedista que ocupava a pasta desde junho.

"Foi decidido agora à tarde a indicação do médico, doutor Marcelo Queiroga, para o Ministério da Saúde. Ele é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. A conversa foi excelente. Já o conhecia há alguns anos. Então, não é uma pessoa de que tomei conhecimento há poucos dias. Tem tudo no meu entender para fazer um bom trabalho, dando prosseguimento a tudo que o Pazuello fez até hoje", afirmou Bolsonaro a apoiantes, ao chegar no início da noite à residência oficial do Palácio da Alvorada, em Brasília.

"A parte de gestão foi muito bem feita por ele [Pazuello] e agora vamos partir para uma parte mais agressiva no tocante ao combate ao vírus", concluiu o presidente.

Marcelo Queiroga é natural de João Pessoa, a capital do estado da Paraíba, diretor do Departamento de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (Cardiocenter) do Hospital Alberto Urquiza Wanderley, naquela cidade, e cardiologista do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita, também na Paraíba. Queiroga serviu ainda de conselheiro para a área da saúde de Bolsonaro na fase de transição entre o governo de Michel Temer e o do atual chefe de estado.

Horas antes, Ludhmila Hajjar, a primeira escolha do governo, não aceitara ser ministra por defender o oposto do que presidente do Brasil tem recomendado no combate à pandemia de covid-19, como a ineficaz cloroquina ou a flexibilização das medidas de distanciamento social. Ela relatou ainda ameaças de morte de supostos aliados do presidente pelas redes sociais.

"Algumas medicações pregadas, como a cloroquina, ivermectina, azitromicina, o zinco e a vitimina D já se demonstraram não ser eficazes no tratamento da doença", afirmou em entrevista à CNN Brasil.

"Sou médica, cientista, especialista em cardiologia e terapia intensiva, tenho toda minhas expectativas em relação à pandemia. O que eu vi, o que eu escrevi, o que eu aprendi está acima de qualquer ideologia e acima de qualquer expectativa que não seja pautada em ciência".

E revelou as ameaças. "Recebi ataques, ameaças de morte que duraram a noite toda, tentativas de invasão num hotel em que eu estava, fui agredida, enviaram áudio e vídeo com perfis falsos, mas estou firme aqui e vou voltar para São Paulo para continuar minha missão, que é ser médica".

Queiroga será o quarto ministro de Bolsonaro para a saúde, depois de Pazuello, e de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, médicos que saíram em conflito de opinião com o presidente.

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