Marcelo partiu para Pedrógão ainda sem saber que havia mortos

Desde sábado que o Presidente da República não arreda pé da zona de Pedrógão Grande. E é ele quem decide quando e o que visitar.
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Desde sábado, dia da tragédia em Pedrógão Grande, que o Presidente da República tem estado com os bombeiros e as populações afetadas e ontem mesmo visitou alguns dos feridos em Coimbra. Marcelo Rebelo de Sousa chegou, aliás, ao local do incêndio antes do primeiro-ministro e da ministra da Administração Interna. Mas fontes oficiais de Belém garantem que quando partiu de Lisboa para aquela localidade do distrito de Leiria não sabia que já havia mortos.

Mas foi pelas 22.00 de sábado, quando as televisões já relatavam a possibilidade de vítimas mortais nos fogos naquele distrito, que o Presidente da República se fez à estrada. Marcelo chegou ao terreno mais depressa do que António Costa e Constança Urbano de Sousa e dirigiu-se ao posto de comando, segundo o Expresso, por uma estrada desaconselhada pela GNR.

Foi precisamente no posto de comando de Pedrógão que o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, o abraçou. Acompanhavam o Presidente apenas um segurança e o ajudante-de-campo e nem os assessores de imprensa foram convocados para o terreno. "Foi apenas a equipa mínima", asseguram fontes oficiais de Belém.

Marcelo permaneceu em Pedrógão Grande até às cinco da manhã de domingo e regressou a Lisboa. Mas ao meio-dia já estava novamente a acompanhar as operações no terreno. Os incêndios não deram tréguas e o rescaldo do que já tinha sido consumido e a contabilização das vítimas mantiveram o Chefe do Estado preso às operações. Marcelo optou mesmo por dormir na região, perto de Coimbra.

Foi naquela cidade que ontem esteve no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra para uma visita de cerca de 45 minutos à unidade de queimados e ao serviço de urgência onde estão vários feridos do incêndio de Pedrógão Grande. Marcelo conversou com alguns deles, entre os quais uma bombeira de Castanheira de Pera que o impressionou: "Houve uma grande vontade que me impressionou da bombeira em querer voltar ao serviço. Sabe que tem colegas e camaradas a lutar e a combater as chamas, e ela queria estar ao lado deles. Isso é muito impressionante, porque estando a recuperar não pode tão depressa cumprir esse desígnio."

Presidentes no terreno

Em momentos de tragédia os presidentes da República sempre quiseram ir ao encontro das populações. Em 1980, quando as ilhas açorianas tremeram forte feio, 7,2 na escala de Richter, 44 mortos na ilha Terceira e 17 na de São Jorge e milhares de desalojados, o então Chefe do Estado, Ramalho Eanes, visitou a ilha mais afetada e esteve com as populações.

Jorge Sampaio também viveu um momento de comoção. A queda da Ponte Hintze Ribeiro, em Castelo de Paiva, em 2001, que vitimou 59 pessoas, arrastaram-no para o terreno. Quis estar perto dos que perderam os familiares naquela tragédia de Entre-os-Rios, mas ainda sofreu a revolta dos habitantes, que acusaram o poder político pelo sucedido, movidos por uma dor que Sampaio disse também sentir.

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