Marcelo Rebelo de Sousa manifestou-se convicto, em Aveiro, de que o facto de não termos tido um Orçamento do Estado aprovado não vai afetar a retoma, o processo de crescimento económico, baseando-se, disse, nas previsões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgadas esta quarta-feira (1)..Respondendo à questão abordada no 46.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Marcelo respondeu: "Aquilo que decorre do relatório da OCDE é de que não".."A visão da OCDE -- que aliás é coincidente com a da União Europeia e com a das autoridades económicas portuguesas -- é de que não. Em parte, porque a dissolução (do parlamento) foi operada em termos de nos meses de novembro e dezembro haver uma execução orçamental sem nenhuma perturbação, a do Orçamento de 2021. E essa execução com uma folga e com a possibilidade de afetação de fundos europeus do quadro comunitário anterior que responde em parte a essa preocupação", explicou..Para além disso, acrescentou o Chefe de Estado, "também porque uma parte considerável do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] -- e até alguns fundos europeus já do PT2030 -- não dependem estritamente da vigência do Orçamento".."Mas todos esperamos -- eu, mais do que espero, tenho a convicção -- de que a formação de governo a seguir às eleições e a viabilização do Orçamento serão suficientemente rápidas para permitir -- bem antes -- do fim do primeiro semestre vermos o resultado daquilo que é a nenhuma influência de perturbação da crise orçamental no processo de crescimento económico do país", sublinhou Marcelo..O Presidente da República acrescentou ainda ter "a mesma convicção" de que "a governabilidade e a sustentabilidade estarão presentes desde logo na viabilização do Governo, qualquer que ele seja, e na viabilização do orçamento, qualquer que seja o executivo que o proponha à Assembleia da República. Isso é uma garantia fundamental"..A OCDE prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional cresça 4,8% este ano, à semelhança do Governo e Banco de Portugal (BdP), estando também otimista para os dois anos seguintes.."A economia deverá crescer 4,8% em 2021, 5,8% em 2022 e 2,8% em 2023. O PIB deverá ultrapassar o nível pré-crise só à volta de meados de 2022. O crescimento robusto é sobretudo fomentado pela procura doméstica, e será acelerado pela absorção de fundos da UE [União Europeia]", pode ler-se nas previsões económicas da OCDE hoje divulgadas..A OCDE aponta ainda que "o aumento atual nos custos de produção, guiado essencialmente pelos preços da energia, não deverá fomentar substancialmente as pressões subjacentes aos preços"..Os 4,8% de crescimento económico previstos para este ano alinham com as previsões do Governo e do BdP, e superam as do Conselho das Finanças Públicas (CFP), de 4,7%, bem como as da Comissão Europeia (4,5%) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), 4,4%, atualizando ainda as da própria OCDE, feitas em maio, que apontavam para 3,7%..Quanto a 2022, a organização é mesmo a mais otimista, já que no próximo ano prevê um crescimento de 5,8%, quando o Governo aponta para 5,5%, a Comissão Europeia para 5,3%, o FMI e o CFP 5,1%, sendo também atualizada a anterior previsão da própria OCDE (4,9%).