Um título europeu, uma Liga das Nações, uma meia-final de um Mundial, uma meia-final e uma final de um Europeu em 22 anos. O sucesso desportivo da seleção nacional também se mede na saúde financeira da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). O organismo já arrecadou 164,8 milhões de euros com o desempenho da seleção (só prémios da UEFA e FIFA) desde que começou ciclo de 12 fases finais consecutivas no Euro 2000..A presença no Mundial do Qatar, em novembro e dezembro, vale, para já, 10, 5 milhões. Mas Fernando Santos já avisou que vai atrás do sonho, leia-se título mundial, o que renderia um prémio recorde de 45,2 milhões pagos pela FIFA. Até agora, a conquista do Euro 2016 foi a que mais contribuiu para engordar os cofres da FPF, num total de 25,5 milhões. Nesse ano, segundo o relatório e contas, o organismo apresentou um lucro de sete milhões depois de feitas as contas entre os ganhos e os gastos, incluindo prémios aos jogadores - cada um dos 23 jogadores campeões europeus recebeu 250 mil euros e houve ainda prémios para treinadores e staff..Antes do golo de Eder (1-0, à França) entrar na história do desporto português, a prova que mais dinheiro rendeu à FPF foi o Mundial 2006, na Alemanha, onde a seleção chegou às meias-finais (perdeu 1-0 com a França) e trouxe para Portugal 22,5 milhões de euros. O sucesso nesse Campeonato do Mundo deu seguimento à final caseira do Euro 2004. Os 14,3 milhões amealhados ajudaram a atenuar o desgosto pela final perdida diante da Grécia (1-0)..O troféu da Liga das Nações chegou à Cidade do Futebol em 2019 e com ele mais 12,5 milhões. A nova competição da UEFA não é rentável como um Europeu ou Mundial, mas, como a prova de realizou em Portugal, os custos de participação foram baixos. Dinheiro que ajudou a finalizar a Casa dos Atletas, que já estava orçamentada em 3,9 milhões e que não avançou logo quando o projeto da construção da Cidade do Futebol saiu do papel - a nova sede da FPF custou 10 milhões de euros e foi inaugurada em março de 2016..Mesmo em competições menos importantes como a Taça Confederações (que junta os campeões dos vários continentes/confederações), o desempenho da seleção tem rendido prémios monetários. Em 2016, Portugal foi à Rússia defender o estatuto de campeão na Taça das Confederações. Ficou em terceiro lugar e recebeu 3,1 milhões da FIFA..Por norma, as compensações financeiras atribuídas em cada competição aumenta de edição para edição. No Euro 2020 (que s e jogou em 2021, por causa da pandemia), a seleção vencedora (Itália) angariou 34 milhões de euros, valor muito superior ao ganho por Portugal (25,5) quando venceu a mesma competição em 2016. No ano em que defendeu a coroa, a seleção recebeu 9,25 milhões só por participar, num total ganho de 13,5 até aos oitavos de final em que foi eliminada pela Bélgica (1-0)..Em outubro passado, a FPF apresentou um resultado líquido positivo de 4,6 milhões de euros, correspondentes a 104 milhões de euros de rendimentos face a um total de gastos no valor de 99,4 milhões de euros..O lucro obtido foi assim distribuído: um milhão de euros para reforço da atividade das seleções; um milhão para o apoio ao futebol não profissional (redução de taxas, seguros do futebol feminino, subsídios de deslocações, entre outras medidas); 1,5 milhões para apoio à melhoria das infraestruturas desportivas em competições profissionais e não profissionais e um milhão para apoio à retoma de atividades dos sócios da FPF..A FPF ainda vai aprovar um novo orçamento antes do Mundial - o atual termina a 30 de junho - onde fará uma previsão financeira para 2022-23, que já incluirá verbas do Mundial. Seja qual for o valor ganho no Qatar será uma boa almofada para avançar para a construção de um pavilhão para o futsal e o Museu, porque os troféus são cada vez mais e a história ocupa lugar..isaura.almeida@dn.pt