Manuel Damásio sai em liberdade e fica proibido de contactar outros arguidos
O antigo presidente do Benfica Manuel Damásio ficou sob termo de identidade e residência e proibido de contactar com outros arguidos no âmbito da Operação Rota do Atlântico, disse hoje o seu advogado de defesa, Nobre Correia.
À saída do tribunal Manuel Damásio não prestou declarações e o advogado, Nobre Correia, fez apenas uma curta declaração, dizendo que o antigo presidente do Benfica foi constituído arguido e que "prestou as declarações que entendeu" e "os esclarecimentos que lhe foram solicitados pelo tribunal".
"Na sequência disso foi-lhe aplicada uma medida de coação restritiva de liberdade" e "uma medida de proibição de contactos com determinadas pessoas", acrescentou Nobre Correia, recusando-se a responder a mais perguntas.
Manuel Damásio, que foi hoje ouvido pelo Tribunal Central de Instrução Criminal durante mais de sete horas (saiu cerca das 22:40), está "indiciado por factos suscetíveis de integrarem os crimes de branqueamento e tráfico de influência", num inquérito em que se investigam "suspeitas da prática de corrupção no comércio internacional e fraude fiscal".
Numa nota à imprensa divulgada esta noite a Procuradoria Geral da República também se diz que "o juiz decidiu aplicar ao arguido as medidas de coação de proibição de contactos com arguidos, suspeitos e testemunhas identificados no despacho que fixa as medidas de coação e sujeição às obrigações decorrentes do termo de identidade e residência".
Na nota salienta-se ainda que o arguido "foi indiciado por factos suscetíveis de integrarem os crimes de branqueamento e tráfico de influência", e que neste inquérito "investigam-se ainda suspeitas da prática de corrupção no comércio internacional e fraude fiscal".
Manuel Damásio, 75 anos, hoje detido pela Polícia Judiciária (PJ). Em comunicado, a PJ precisou que a detenção ocorreu no âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público, junto do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), e decorre de uma investigação iniciada em finais de 2014, que deu origem à operação Rota do Atlântico.
O empresário de futebol José Veiga e o advogado Paulo Santana Lopes são dois dos outros arguidos na operação Rota do Atlântico, que se encontram detidos desde 08 de fevereiro.
José Veiga está em prisão preventiva e Paulo Santana Lopes em prisão domiciliária.
O processo tem ainda como arguida a advogada Maria Barbosa, que se encontra com termo de identidade e residência e, tal como os anteriores dois arguidos, proibida de contacto entre eles.
A 08 de fevereiro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) emitiu um comunicado, no qual referia que o inquérito relativo à Rota do Atlântico tinha nove arguidos: quatro pessoas singulares e cinco pessoas coletivas (empresas ou instituições)
Em causa, nesta investigação, adiantava a PGR, estão suspeitas da prática dos crimes de corrupção no comércio internacional, branqueamento, fraude fiscal e tráfico de influência.